Busca por caixa preta do AF447 recomeça com navios e robôs

A terceira operação de busca das caixas pretas do Airbus A330 inclui alta tecnologia na área de buscas submarinas

A equipe a bordo do navio Anne Candies e do Seabed Worker é composta por 100 pessoas

Serão usados dois navios com dois sonares e três robôs submarinos com capacidade de descer a até 6 mil m de profundidade

Passados dez meses desde que o Airbus A330 que fazia o voo 447 caiu no Oceano Atlântico matando 228 pessoas, as autoridades aeroportuárias francesas ainda buscam entender as causas do acidente. A terceira operação para se encontrar as caixas pretas da aeronave no fundo do mar, a 730 milhas náuticas de Recife, começa neste domingo, e inclui alta tecnologia na área de buscas submarinas, como dois navios equipados com dois sonares e três robôs submarinos com capacidade de descer a até 6 mil metros de profundidade.

O diretor do Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês), Jean-Paul Troadec, foi quem explicou como será a empreitada. Segundo ele, os trabalhos se concentrarão em uma área de 2 mil quilômetros quadrados, dez vezes menor do que a abrangida anteriormente. A missão tem 32 dias de prazo e vai custar 19 milhões de euros.

A equipe a bordo do navio Anne Candies (com bandeira dos EUA) e do Seabed Worker (norueguês) é composta por cem pessoas, entre marinheiros, representantes da Airbus, da Air France, da polícia francesa, das marinhas francesa, americana e brasileira, coordenados pelo BEA. Além deles, participam especialistas em diferentes áreas, como geologia e biologia marinha, meteorologia e oceanografia.

Esse time de técnicos, explicou Troadec, foi importante inclusive para definir em qual área estariam os destroços do voo 447. Foram feitos cálculos a partir do possível ponto onde o avião caiu, quais correntezas e acontecimentos metereológicos influenciariam esses objetos. Ao fim das análises, se definiu a região a ser investigada.

Roteiro

Após sair de Recife, os navios vão levar dois dias para chegar ao ponto definido para as buscas. Os trabalhos começarão com a utilização dos sonares, que são capazes de informar os volumes que estão no fundo do mar. A informação do sonar não diferencia uma caixa preta de uma rocha. Então os técnicos do BEA utilizarão os robôs, equipados com câmeras e iluminação, para tirar a dúvida e, no caso de haver destroço do Airbus, içar o material.

As caixas pretas são essenciais para o esclarecimento das causas, reforçou o diretor do BEA. Ele disse que na hipótese delas não serem recuperadas, o acidente não poderá ser esclarecido.

Embora as buscas tenham como foco as caixas pretas e destroços que possam auxiliar no esclarecimento das causas da tragédia, o BEA se preparou para a possibilidade de encontrarem os restos mortais de algum dos passageiros e tripulantes. Troadec disse que as embarcações possuem câmeras frigoríficas adequadas para uma ocorrência deste tipo.

Expectativa

O administrador Maarten Van Sluys, representante da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447, estava presente na apresentação do plano de buscas. Ele disse que se emociona toda vez em que os trabalhos de buscas são realizados ou quando recebe novas informações sobre o acidente que matou sua irmã, a assessora de imprensa da Petrobras Adriana Van Sluys.

Maarten disse que encontrar as causas do acidente ocorrido em 31 de maio de 2009 é ponto fundamental para os familiares. "Principalmente, saber se houve ou não sofrimento entre as vítimas", acrescentou.

A descoberta das causas também poderá servir para os familiares ingressarem com novos processos indenizatórios. "Embora na hipótese de não se chegar a uma causa não implicará em uma não ação judicial", afirmou. De acordo com Maarten, dos 48 familiares que participam da associação que dirige, 40 entraram com ações na corte norte-americana. Outros 16 processos são movidos nos fóruns brasileiros. Maarten disse que a justiça norte-americana é mais rápida e determina valores maiores. "No Brasil, familiares das vítimas do acidente com Fokker 100, que ocorreu em 1996, ainda estão tendo seus pleitos contestados nos tribunais".

Fonte e fotos: Celso Calheiros/Especial para Terra - Noticias Sobre Aviação