Lula faz visita política ao Oriente Médio
Política, muita política, investimentos bilionários, segurança e construção civil orientarão a visita, com comitiva de ministros e empresários, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Israel, territórios palestinos e Jordânia, na semana que vem. Israel comunicou ao governo brasileiro a intenção de destinar US$ 1 bilhão para apoiar exportações e investimentos israelenses dirigidos ao Brasil. Grandes construtoras brasileiras seguem com Lula, interessadas em projetos bilionários de infraestrutura na Jordânia e Palestina.
Embora acompanhada de seminários empresariais em todas as etapas, a visita de Lula tem caráter eminentemente político. Como parte do esforço de ampliação do alcance da política externa, Lula quer " sinalizar o interesse brasileiro " em participar no processo de paz no Oriente Médio, segundo o porta-voz Marcelo Baumbach. " É a primeira visita oficial de um chefe de Estado a Israel " , ressaltou o porta-voz , " e ocorre em um momento em que o Brasil se aproxima dos países do Oriente Médio e atua na busca de uma solução para o conflito palestino " .
Em Israel, Lula fará um programa sugerido pelas autoridades locais, incluindo encontros com o presidente do país, Shimon Peres, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, o presidente do Congresso, Reuven Rivlin e a líder da oposição, Tzipi Livni. Participará de cerimônias simbólicas, como uma visita ao Museu do Holocausto, receberá uma delegação da Universidade Hebraica e terá encontro com o escritor Amos Oz. Enquanto isso, a comitiva de cerca de 70 executivos busca negócios.
Israel lançou um plano, o Shavit, de investimentos nos mercados promissores dos chamados Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), e dispõe de US$ 1 bilhão para investimentos no Brasil. Quase 180 empresas israelenses têm filiais no Brasil, grande parte ligada a serviços de segurança e vigilância. Firmas brasileiras do setor participam da comitiva, e os brasileiros veem perspectivas de associações e de vendas para os setores militares em Israel e na Jordânia.
O governo jordaniano comandou uma coleção de grandes projetos de infraestrutura vistos pelas empresas do Brasil como potenciais fontes de contratos. O maior deles, o Marsa Zayed Aqaba, com torres residenciais e comerciais e áreas de lazer e turismo, pode chegar a US$ 10 bilhões. Todas as grandes construtoras brasileiras estão na comitiva de Lula. Um tema possível de conversa entre os dois países é energia nuclear - a Jordânia iniciou em 2007 seu programa pacífico, que inclui o enriquecimento do urânio de suas jazidas.
O comércio com a Jordânia é minúsculo, inferior à metade de um dia de exportações brasileiras, mas há fortes chances de negócio, especialmente para a Embraer, alvo de assédio jordaniano para que instale no país um entreposto de peças de reposição. O rei Abdullah II, que tem encontro marcado com Lula, disse ao presidente, quando veio ao Brasil, em 2008, que vê fortes possibilidade de cooperação entre os dois países - além de aviação, em agricultura, mineração e energia.
Lula chega a Israel e Palestina em um momento de forte tensão política, com a decisão israelense de construir 1,6 mil casas para cidadãos judeus nos territórios ocupados em Jerusalém Oriental, área originalmente palestina e destinada a uma futura capital do Estado palestino. O anúncio da expansão imobiliária israelense provocou atrito entre Israel e Estados Unidos, por coincidir com a visita, a Jerusalém, do vice-presidente Joe Biden, que participava do esforço de intermediação do conflito e recebeu, lá, o anúncio de que os palestinos se retiravam das negociações devido à ação dos israelenses.
" A posição do Brasil é contra a expansão dos assentamentos e o presidente dialogará de maneira franca com seus interlocutores " , disse Baumbach. Lula defenderá o direito de Israel à paz e segurança, mas condenará a expansão dos assentamentos e cobrará o " alívio da situação humanitária " dos palestinos na faixa de Gaza.
Fonte: Valor Econômico - Sergio Leo - Via O Globo
Jornal israelense chama Lula de 'profeta do diálogo'
Presidente do Brasil faz viagem oficial ao Oriente Médio neste fim de semana
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que neste fim de semana inicia sua visita oficial ao Oriente Médio, ganhou o título de "profeta do diálogo" em entrevista publicada na edição digital do jornal israelense Haaretz na noite desta quinta-feira (11).
A publicação diz ainda que Lula é o "chefe de Estado mais popular da história do país" e afirma que "o consenso geral é que é simplesmente impossível não gostar dele".
Lula, que mais de uma vez já ofereceu a mediação do Brasil no conflituoso Oriente Médio, vai se encontrar tanto com o presidente israelense, Shimon Peres, quanto com o líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
Essa "imparcialidade", segundo o Haaretz, é marca registrada de Lula. Tanto que para definir qual jornalista faria a primeira pergunta da entrevista (o grupo tinha três israelenses e um representante árabe), o presidente pediu que todos tirassem par ou ímpar. "Lula tem que ser amado por todos", diz o jornal.
A publicação israelense também fala sobre o encontro de Lula com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que nega o holocausto e mais de uma vez já pregou a destruição de Israel.
O presidente do Brasil, que apoia o programa nuclear iraniano "com fins pacíficos", afirmou ao jornal que conversou com Ahmadinejad sobre suas declarações anti-Israel. "Eu falei com o presidente do Irã e deixei claro que ele não pode continuar dizendo que quer a liquidação de Israel, assim como é inaceitável que ele negue o holocausto, que é um legado de toda a humanidade. Eu também disse que o fato de ele ter diferenças com Israel não o autoriza a negar ou ignorar a história".
O Haaretz lembra que Lula foi um dos primeiros chefes de Estado a receber Ahmadinejad após as sangrentas eleições iranianas de 2009, marcadas pela repressão e por suspeitas de fraudes. A publicação também salienta o fato de que o Brasil foi um dos cinco países a votar contra a condenação ao Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Ao Haaretz, Lula disse temer que as tensões entre Irã e Israel possam levar a uma guerra. "Os líderes com quem conversei acreditam que nós devemos agir rápido, porque de outra forma Israel vai atar o Irã. Eu não quer que Israel ataque o Irã, assim como não quero que o Irã ataque Israel", disse o presidente.
Fonte: R7
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