Sistema AEGIS oferecido à Índia
Oferta da Lockeed está relacionada com proposta de venda do F-16
A presente concorrência internacional para a venda à força aérea da Índia de cerca de 120 aeronaves de combate tem vindo a se mostrar terrível para todos os concorrentes, com todos eles apresentando seus trunfos para garantir a possível encomenda.
Entre as mais recentes propostas está a possibilidade apresentada pelos norte-americanos de ceder à Índia tecnologia do sistema integrado de defesa conhecido como AEGIS e que é a base da organização dos sistemas defensivos dos grupos de batalha da marinha norte-americana.
Além do projeto MRCA, a Lockeed-Martin tem vários equipamentos sendo estudados por várias entidades das forças armadas indianas, e várias «contra-partidas» foram e vão ser apresentadas pelos norte-americanos.
O sistema AEGIS já foi colocado ao serviço das marinhas da Coreia do Sul, do Japão e da Austrália e a India poderá ser um próximo utilizador do sistema, se o F-16E/F desenhado propositadamente para a realidade e necessidade indiana ganhar a concorrência.
A oferta norte-americana parece fazer parte de uma opção estratégica por parte dos Estados Unidos no sentido de convencer a Índia a um alinhamento mais próximo das chamadas potências ocidentais.
Esse «envolvimento» tem razão para existir a os indianos não estão desinteressados dele. A aproximação entre Estados Unidos e Índia, tem vindo a ser estudada já desde o tempo da administração Bill Clinton.
Jogando com o factor «China»
Tradicionalmente desde a independência em 1947 a India apoiou-se especialmente na União Soviética para satisfazer as suas necessidades militares, embora tenha sempre se mantido como uma democracia de estilo ocidental e adquirido equipamentos a vários países ocidentais. As relações foram muito fortalecidas desde o inicio dos anos 60 até aos anos 90. Mas desde há um pouco mais de uma década, do ponto de vista estratégico, algo começou a despertar a desconfiança dos indianos.
Esse «algo» é a China, que sempre foi um problema para a Índia, mas um problema localizado em termos terrestres.
A China apoiou o arqui-inimigo da Índia, o Paquistão, e fornece-lhe armamentos, o que é visto como uma atitude pouco amistosa. Mais recentemente porém, a imprensa indiana tem publicado vários artigos com a visão de algumas das cabeças pensantes da marinha e de entidades ligadas à marinha, sobre o crescimento da capacidade naval chinesa e sobre a inevitabilidade da sua expansão para sul e para o Oceano Indico.
As previsões indianas são devastadoras, e apontam para a perda do controlo do Índico para a China, se os indianos não aumentarem os seus investimentos na área naval.
A Índia tem tentado aumentar sua capacidade militar naval, recorrendo essencialmente à Rússia, numa atitude que tem sido muito bem vinda naquele país do leste europeu, onde a Índia se transformou no principal cliente da industria de armamentos.
A Índia comprou mesmo à Rússia um porta-aviões em segunda-mão e até um submarino movido a energia nuclear, juntamente com caças para operação naval.
No entanto, em termos tecnológicos os indianos têm tentado diversificar suas fontes, já que a tecnologia de ponta russa, começa a apresentar sinais de alguma obsolescência, apesar dos esforços em várias áreas.
Ao contrário, os seus rivais chineses, têm optado por uma politica de copiar sistemas estrangeiros, mas grande parte dos sistemas chineses são copiados de sistemas de armamento ocidentais.
As aeronaves Sukhoi Su-30 têm componentes ocidentais. Os aviões-radar comprados à Rússia têm sistemas ocidentais e mais recentemente os próprios navios de origem russa em construção em estaleiros russos e indianos têm também recebido armamentos e sistemas de países europeus e de Israel.
Os Estados Unidos têm tentado lembrar aos indianos que os dois países têm aparentemente interesses confluentes quando se trará de conter a inevitável expansão chinesa para o Indico, que estes vêem como inevitável e fulcral para as suas necessidades de abastecimento de petróleo.
A China tem planos para a construção de uma poderosa frota com capacidade de projecção de poder e se no Pacífico essa projecção se depara com a toda-poderosa frota norte-americana, no Indico, não existe um poder claramente dominante, pelo que se a Índia não ocupar o espaço, esse espaço será naturalmente ocupado pelos chineses.
Os sectores mais pró ocidentais na Índia consideram que ao obter tecnologia e apoio por parte dos Estados Unidos, a Índia poderá com muito mais facilidade conter a «ameaça chinesa».
Sistemas como o AEGIS, instalado a bordo dos futuros navios da esquadra da Índia, poderão contribuir para garantir a superioridade indiana, ainda mais que os sistemas de radares 3D e equipamentos integrados, constituem um setor onde a Rússia tem mais dificuldades e onde a China tem demonstrado que está a investir fortemente
Já os sectores tradicionalmente mais próximos da Rússia - os sectores mais tradicionais do Partido do Congresso – continuam a achar que a relação com a Índia deve ser primordial. Apontam o facto de o Paquistão adquirir sistemas ocidentais, nomeadamente sistemas de origem norte-americana como razão para que a Índia pense duas vezes antes de optar por adquirir sistemas vitais de origem norte-americana.
Fonte: Area Militar
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