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Brasil refaz acordo militar rompido por Geisel

De 1964 a 1985, o Brasil foi governado por generais de quatro estrelas, último posto da carreira no Exército, ao qual ascendem aqueles que são indicados pelo Alto Comando e cujos nomes são enviados, em uma lista, ao presidente da República. O presidente pode não obedecer à ordem da lista. É difícil, mas pode. No jargão militar, o preterido foi “caroneado” por um oficial mais moderno ou “levar cruz”, ou seja, não entrar na análise para a promoção. No almanaque do Exército estão todos os oficiais de acordo com a antiguidade. Mas há também a promoção por merecimento, advinda de cursos, condecorações e serviços prestados. Dito isso, é de se lembrar que, naquele período, o Brasil chegou a ensaiar a formatação de uma indústria bélica para acabar com a dependência dos Estados Unidos (EUA), depois da II Guerra Mundial. A Indústria de Material Bélico (Imbel), a Engesa e a Tamoio foram os exemplos mais acabados no fornecimento de equipamentos para o Exército. Os carros de combate Osório e Urutu tiveram sucesso. A indústria naval produziu corvetas e submarinos para a Marinha, e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) lançou o bimotor turbohélice Bandeirante. Foi privatizada e tornou-se a quarta maior fabricante mundial de aviões. Antes, na segunda década do século XX, a Missão Militar Francesa modernizou o Exército em doutrinas e formação, com a Escola de Sargentos das Armas, junto ao Realengo, para oficiais, além consolidar a Aviação Militar, a ele vinculada.

No entanto, irritado com as constantes inspeções diretamente em unidades para verificar o uso, as táticas e mesmo as doutrinas das nossas Forças Armadas, o quarto presidente militar, Ernesto Geisel, nascido em Bento Gonçalves em 3 de agosto de 1907 e falecido no Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1996, denunciou, em 1977, o tratado militar com os EUA. Quis o destino que um presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), que sempre questionou todas as iniciativas pela industrialização militar dos generais-presidentes, remontasse o acordo. Assim, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, firmaram, no Pentágono, um Acordo de Cooperação em Defesa. O objetivo é solidificar um interesse comum na manutenção da paz internacional e na resolução pacífica de conflitos mundiais. O tratado estabelece a participação em treinamento e exercícios militares conjuntos e o intercâmbio de informações sobre estes temas. O artigo dois do documento define a forma de cooperação esperada das partes, mencionando visitas recíprocas de entidades e delegações de alto nível militares e civis, intercâmbio de instrutores de treinamento e de estudantes de escolas militares. As partes comprometem-se a respeitar os princípios e os propósitos fundamentais da Carta das Nações Unidas (ONU) e da Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA). Se conseguir, com o acordo, vender 200 aviões Supertucano para os EUA, Nelson Jobim estará consagrado. Nada muito diferente do que, na prática, ainda é feito, porém sem o antigo acerto que Ernesto Geisel, segundo os oposicionistas, um direitista americanófilo, denunciou e encerrou. Uma boa ideia seria o Brasil comprar – o que é difícil, o francês Rafale é o mais falado – o caça supersônico F-18 dos EUA, exigindo, como contrapartida, a aquisição do Supertucano, que os militares estadunidenses dizem fazer falta no Afeganistão. É, o mundo dá muitas voltas, Brasil no meio.

Fonte: Jornal do Comercio