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Cresce interesse chinês no trem-bala brasileiro
País está empenhado em vencer a disputa e assunto será tratado pelo presidente Hu Jintao em seu encontro com Lula na sexta-feira, em Brasília

O interesse chinês na construção do trem de alta velocidade entre Rio, São Paulo e Campinas estará entre os principais temas a serem tratados pelo presidente Hu Jintao no encontro que terá com seu colega Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira, em Brasília.

A China está empenhadíssima em ganhar a disputa, o que poderá transformar o Brasil em um "showroom" para promover a exportação de seus trens rápidos. "Todas os representantes do governo chinês com quem me encontrei falaram dessa questão. Eles consideram isso uma prioridade", disse o ex-secretário executivo do Conselho Empresarial Brasil China e sócio da Strategus Consult, Rodrigo Maciel, que encerrou há duas semanas uma viagem de 35 dias ao país asiático.

De seu lado, Lula vai ressaltar o interesse brasileiro em manter as operações da Embraer na China. A empresa pretende fabricar no país seu avião de grande porte, o E190, e renegocia a parceria que tem desde 2002 com a estatal Avic, formada originalmente para a fabricação na China dos aviões ERJ-145, de até 50 lugares.

Mas, na sexta-feira, a perspectiva de que um acordo fosse alcançado durante a visita parecia remota. Se as duas partes não se entenderem, a Embraer poderá encerrar suas operações na China no próximo ano.

Disputa. Com custo estimado em R$ 34,6 bilhões, a construção do trem de alta velocidade será uma das obras públicas mais caras já realizadas no Brasil. Os chineses disputarão o projeto com países que têm tradição na construção e operação do trem, como Japão, França e Alemanha.

A expectativa de integrantes do governo brasileiro é que a China será bastante agressiva em sua oferta de preço, o que pode forçar os concorrentes a também reduzirem as propostas. Outra vantagem do país asiático é a farta oferta de financiamento a baixo custo, em um momento de retração das fontes de recursos nos países desenvolvidos.

A China vive uma febre na construção de trens de alta velocidade, que em breve transformará sua malha na maior do mundo. O setor foi um dos principais beneficiados pelo pacote de estímulo de US$ 586 bilhões, em novembro de 2008.

Até 2013, o país deverá adicionar à sua malha de alta velocidade cerca de 7.000 km para trens que andam a 350 km/h. No total, haverá 13.000 km de trilhos para velocidade igual ou superior a 200 km/h, número que supera a soma da malha do mesmo tipo do restante do planeta.
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A desvantagem da China são as dúvidas que cercam a autenticidade de sua tecnologia - e um dos requisitos da concorrência é justamente a transferência da tecnologia ao Brasil. Na semana passada, Yoshiyuki Kasai, presidente da Central Japan Railway, que opera o trem-bala japonês, disse ao Financial Times que a China está "roubando" tecnologia estrangeira para desenvolver seu projeto de trem rápido.


Além do Brasil, a China disputa a construção de linhas de alta velocidade na Arábia Saudita e nos EUA. Os chineses assinaram acordo preliminar com o Estado da Califórnia e a General Electric para o desenvolvimento das linhas rápidas na região, segundo reportagem publicada na quinta-feira no New York Times.

Fonte: Estadão