A explosão do Vesúvio em 1944


Em 1943, os Aliados começaram o ataque ao que Winston Churchill chamava de “ventre macio da Europa”. Tudo começou com a invasão da Sicília em julho. Em setembro, as tropas Aliadas tinham cruzado o Estreito de Messina para desembarcar no “dedão” da Itália.

O 5º Exército Americano abriu caminho pela Calábria com outras tropas, se movendo perto de Salerno. Forças canadenses desembarcaram perto de Reggio Calabria e encontraram pouca oposição. Os canadenses tomaram vantagem disso e rapidamente se moveram continente adentro por duas semanas e capturaram Potenza, que fica a 80 quilômetros a leste de Salerno.

Nessa época, os italianos tinham se cansado de Mussolini e da guerra, e finalmente se livraram do Duce, se rendendo incondicionalmente. Seus aliados alemães rapidamente desarmaram todas as tropas italianas que encontraram e decidiram realizar uma lenta e combativa retirada da península, em direção ao norte. Então, em janeiro de 1944, os Aliados pensaram num plano.

Envolvia outro desembarque anfíbio, dessa vez em Anzio, que fica na costa a cerca de 50 quilômetros ao sul de Roma. Também era cerca de 70 quilômetros atrás das linhas alemãs. Surpreendeu tanto os alemães que os Aliados desembarcaram sem oposição. Isso surpreendeu também o comandante americano.

Quando a mesma coisa aconteceu em setembro de 1943, os canadenses tiraram vantagem da situação parecida e avançaram rapidamente para dentro do continente. Mas o Major-General John P. Lucas, que liderava o desembarque americano, deu ordens vagas. Ele devia desviar o máximo possível de forças inimigas do front ao sul e preparar uma posição defensiva. Mas parece que Lucas tomou nota somente da parte que dizia “preparar posição defensiva”. Ao invés de aproveitar a oportunidade para avançar, ele tomou uma lenta e defensiva postura. Isso permitiu aos alemães reagir e os soldados americanos acabaram enfrentando uma dura luta por um pedaço de terra que poderia ter sido tomado facilmente.

Mas, como parece, os alemães podem não ter sido o mais perigoso inimigo que os Aliados enfrentaram. Porque em 18 de março de 1944 o Monte Vesúvio explodiu em uma erupção de cinco dias. Tão temido era o vulcão, conhecido por ter enterrado a cidade romana de Pompéia, que o cruzador USS Philadelphia recuou pela única vez em seus 8 anos de serviço.

A sorte do Philadelphia foi que era um navio no mar, e podia fugir rapidamente. As forças em solo não tiveram tanta sorte. Em 23 de março, a maioria dos B-25 Mitchells do 340º Grupo de Bombardeio estavam cobertos com cinzas quentes que queimaram as superfícies de controle e derreteram as seções de plexiglass.

Alguns aviões ficaram tão pesados que se desequilibraram sobre suas caudas. Algo entre 78 e 88 aviões foram destruídos, o que representou mais do que as perdas do 340º para a Luftwaffe no ataque à Córsega três meses antes. Não houve mortes ou grandes baixas no campo de Pompéia mas, apesar dos melhores esforços da 12ª Força Aérea, suas aeronaves ficaram fora de serviço por muito tempo. O 340º não foi o único grupo afetado, já que diversos grupos de bombardeio e caça tiveram que lidar com Vesúvio, bem como as tropas terrestres. Presumivelmente, o Vesúvio causou problemas também para os alemães, como um nêmesis comum.

Outras unidades aéreas militares foram profundamente afetadas, como o 57º Grupo de Caça em Cercola, Itália. A população comum teve que enfrentar mais dificuldades além daquelas apresentadas pela guerra. Cinzas cobriram jardins e casas por todo o caminho desde o Vesúvio até Salerno, e muitos civis ficaram desabrigados. A lava cobriu muitas estradas e causou grandes engarrafamentos.

Eventualmente os alemães se renderam e os americanos inventaram a bomba que terminou a guerra. Mas nenhum exército na Terra sobrepuja a natureza. Tornados, furacões, enchentes e terremotos não tomam lados e devastam igualmente forças inimigas. E o Monte Vesúvio permanece o campeão inconquistável da península italiana, pronto para acordar e destruir todos os inimigos. A erupção durante a Segunda Guerra Mundial foi a última do Vesúvio até agora.

Fonte: Symon Sez - Via: Sala de Guerra.