O VLS "alemão"
No chat sobre o Programa Espacial Brasileiro promovido pela Câmara dos Deputados em 26 de março (veja aqui), uma informação divulgada pelo representante da direção do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA) sobre o projeto de um lançador de pequeno porte em parceria com a DLR, a agência espacial da Alemanha, chamou a atenção de muitos que acompanham o programa brasileiro.
Até então desconhecida inclusive por algumas pessoas que acompanham de perto as iniciativas brasileiras em lançadores, a informação levava a crer que o IAE/DCTA trabalhava com outras possibilidades na área, além daquelas reveladas na matéria "Lançadores espaciais: Os planos do IAE/CTA", publicada com exclusividade no web-site de Tecnologia & Defesa em agosto de 2009. Basicamente, o IAE trabalhava com três possibilidades principais, envolvendo acordos de cooperação ou mesmo comerciais com empresas e centros de pesquisa da França, Rússia ou Ucrânia. A ideia seria desenvolver, tomando por base tecnologias e conhecimentos adquiridos com o VLS, um foguete de pequeno porte, superior em capacidade ao VLS-1, com condições de competir no crescente mercado de lançamentos de pequenas cargas úteis para órbitas baixas.
Nas últimas semanas, o blog conversou com algumas pessoas sobre essa possível parceria com a Alemanha para entender o seu escopo, e também como ela se relacionaria com as outras iniciativas em estudo. Segundo pudemos apurar, o estudo envolvendo os alemães está sendo realizado pelas equipes envolvidas com os projetos brasileiros em foguetes de sondagem, e não pelo time do IAE responsável por veículos orbitais, sendo, portanto, esforços distintos. A ideia teria origem no projeto SHEFEX (SHarp Edge Flight EXperiment) (ilustração), um dos vários projetos conjuntos entre o Brasil e Alemanha em matéria espacial, relacionado também ao projeto do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA).
Com o objetivo de testar novos conceitos e tecnologias em proteção termal para reentrada atmosférica, tecnologia, diga-se de passagem, bastante sensível, os dois países realizaram em outubro de 2005 a primeira missão SHEFEX, executada a partir do centro de lançamento de Andoya, na Noruega, envolvendo o voo de um foguete VS-30 Orion. Uma segunda missão, maior e mais complexa, a SHEFEX 2, estava programada para ocorrer no início deste ano, mas foi adiada para não antes que março ou abril de 2011. Nesta etapa, ao invés de um VS-30 Orion, seria utilizado como veículo um foguete VS-40.
A etapa final, SHEFEX 3, envolveria o lançamento de carga útil de maior porte com perfil de missão ainda suborbital, mas muito próximo da capacidade de entrada em órbita. É daí, unindo-se o útil ao agradável, que surgiu a ideia de aproveitar os desenvolvimentos necessários para a realização da SHEFEX 3 e avançar com o projeto de um foguete orbital de pequeno porte.
De acordo com o apurado pelo blog, a ideia é ainda bastante preliminar e teria surgido do lado brasileiro, não havendo por este momento maiores definições futuras ou mesmo indicativos de continuidade.
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