Banqueiro reconhece que os papéis se inverteram: Os alunos viraram professores
Bill Rhodes costuma dizer que a experiência acumulada nas várias negociações com o Brasil tornou-se um dos grandes aprendizados de sua longa carreira.
— Os brasileiros sempre foram muito criativos. Eles nos surpreendiam com propostas inesperadas, como a da criação de um instrumento de redução da dívida. Às vezes nos desarmavam pois, no fundo, eram ideias sensatas, que acabaram sendo precursoras dos bônus Brady — disse ele ao GLOBO.
Pouco mais de duas décadas depois, Sergio Amaral, um dos negociadores, se regozija com “uma ironia histórica”: — De lá pra cá o Brasil acumulou reservas fantásticas, enquanto o Citi e outros bancos quase quebraram, dependendo de injeções financeiras do Tesouro americano.
Rhodes encara a atual crise financeira, ainda latente nos países ricos, como uma oportunidade dos bancos e financeiras em geral aprenderem a lição que pregavam — diretamente e via FMI — aos países credores: a necessidade de realizar reformas.
Ele próprio agora se curva a uma realidade que, em algumas palestras públicas, em conversas com outros banqueiros, e em entrevistas, procura reivindicar orgulhosamente como resultante de preceitos que anos atrás buscava incutir nas autoridades dos países devedores: — Se algum país é capaz, hoje, de domar essa tempestade que estamos enfrentando, trata-se do Brasil. O que me incomoda é os Estados Unidos não terem aprendido com as lições da América Latina. Os EUA passaram décadas ditando regras. Acontece que os estudantes cresceram… e se tornaram professores.
Sugestão: Gérsio Mutti - Autor(es): Agência O Globo/José Meirelles Passos O Globo – 25/04/2010 - Fonte: O Globo via Ministério do Planejamento - Plano Brasil
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