Rússia diz sim à redução de armamento
O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o homólogo norte-americano, Barack Obama, assinam amanhã, quinta-feira, o Tratado de Redução de Armas Ofensivas Estratégicas, mais conhecido pela sigla START-2.
A cerimónia de assinatura do documento, que prevê uma das maiores reduções dos arsenais nucleares russo e norte-americano, terá lugar em Praga, capital da República Checa.
O cumprimento do START-2 conduzirá a uma redução dos armamentos nucleares em cerca de 30 por cento, até ao máximo de 1550 ogivas nucleares e de 800 mísseis portadores para cada uma das partes.
Além disso, o documento estabelece que Estados Unidos e Rússia não poderão instalar armamentos estratégicos ofensivos fora dos seus territórios.
Este tratado vem substituir o START-1, assinado em 1991 entre a ex-URSS e os Estados Unidos, que estabelecia que os potenciais nucleares de cada um dos países não podiam superar as 6000 ogivas nucleares e os 1600 portadores.
Quando esse tratado foi assinado, a ex-URSS tinha 10 271 ogivas e 2500 portadores, enquanto que os Estados Unidos possuíam 10 563 ogivas e 2246 mísseis.
O cumprimento das cláusulas desse documento levou a Rússia a ficar com 5518 ogivas e 1136 portadores e os Estados Unidos com 5948 ogivas e 1237 portadores.
No entanto, a fim de prevenir imprevistos, o Kremlin já anunciou que irá tornar pública uma declaração unilateral "que dirá respeito à fórmula internacional jurídica sobre que cada uma das partes, na realização da sua soberania estatal, tem direito a abandonar o Tratado se considerar que circunstâncias excecionais ligadas ao seu conteúdo ameacem os seus supremos interesses".
"A declaração da parte russa será publicada depois da assinatura do Tratado", anunciou Serguei Prikhodko, assessor do Kremlin para assuntos internacionais.
Antes disso, Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, foi mais concreto ao anunciar que Moscovo reserva o direito de abandonar o novo START se o sistema anti-míssil norte-americano ameaçar a eficácia das suas forças nucleares.
No entanto, o chefe da diplomacia russa considerou que o novo tratado sobre desarmamento nuclear testemunha um "novo nível de confiança" nas relações entre a Rússia e os Estados Unidos, os dois antigos inimigos da Guerra Fria.
Os prazos de ratificação do documento estão a provocar algumas expectativas em Moscovo.
Segundo Lavrov o documento deverá dar entrada para ratificação no Senado dos Estados Unidos e na Duma Estatal (câmara baixa) do Parlamento Russo até finais de Abril, mas esse processo poderá estender-se até ao fim do ano.
Se ninguém tem dúvidas de que a Duma Estatal irá ratificar o START-2 quando o Kremlin achar por bem, o mesmo não se pode dizer em relação à parte norte-americana. Além dos votos dos democratas, Barack Obama necessita pelo menos do apoio de oito senadores republicanos para que o novo Tratado entre em vigor.
Fonte: Jornal de Noticias
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