Brasil é o único capaz de desenvolver indústria de defesa na América do Sul
Para o presidente da Odebrecht, contrapartida é a consolidação de uma política de estado que assegure altos riscos e investimentos
Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht |
O Brasil é o único país da América do Sul que reúne condições para desenvolver uma classe empresarial comprometida com a indústria de defesa, garantiu o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, durante o Seminário de Segurança Internacional, realizado nesta quarta-feira (5) pela Fiesp.
De acordo com ele, a primeira vantagem brasileira é a geográfica, uma vez que se localiza em um ponto privilegiado do globo e sua extensão pressupõe um grande mercado. Além disso, “a posição conciliadora do Brasil fez com que conquistasse prestígio diplomático regional e mundial, o que contribuirá para atuação de empresas na área”, ressaltou o executivo.
Contudo, para que a iniciativa privada tenha segurança para apostar em projetos voltados à indústria de defesa, e, portanto, viabilizar o setor no Brasil, é necessário que a União apresente uma política de estado consolidada, destacou Odebrecht.
O principal motivo é a segurança que as empresas devem ter para arcar com os altos custos e riscos do investimento na tecnologia militar. “Não há como fazer investimentos e trabalhar novas tecnologias se a indústria não perceber que há um plano que transcenda a vontade de governos”, advertiu.
Segurança financeira
Sergio Schimidt, gerente do BNDES |
No mesmo sentido, o gerente do Departamento de Comércio Exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Sergio Schimidt, complementou que é preciso viabilizar o fortalecimento financeiro das empresas, permitindo que tenham condições de atender não somente ao mercado militar, mas também ao civil. Assim, o retorno do que foi aplicado será maior.
“As empresas empenhadas na defesa necessitam de um aparato regulatório próprio, pela complexidade do setor. Mas isso deve estar atrelado ao compromisso de facilitar a venda às pequenas e médias indústrias brasileiras”, argumentou o gerente.
Odebrecht compartilha da mesma opinião, ao sublinhar que os riscos intrínsecos ao segmento exigem contingenciamentos financeiros próprios, diferentemente dos demais incluídos no orçamento geral da União. O motivo dessa forte segurança financeira vem do fato de não haver possibilidade de realocação de mercado, no caso de falta de demanda, explicou.
Dependência nacional
De acordo com Schimidt, em decorrência da descontinuidade do investimento público na área de defesa, o Brasil sofreu uma defasagem tecnológica que o levou a perder a capacidade de desenvolvimento autônomo. “Isso aumentou a dependência nacional de produtos e serviços importados, bem como da transferência de conhecimento”, esclareceu.
No ranking mundial de investimentos em defesa, o Brasil ocupa a 12ª posição. Em 2008, o gasto no setor foi de R$ 23,3 bilhões, equivalentes a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “São gastos ainda modestos se compararmos com os dispensados pelos outros países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)”, disse o gerente.
Thiago Eid, Agência Indusnet Fiesp
Considerando que a lista de Áreas Estratégicas de Demanda da Defesa Nacional não é suficientemente específica para orientar as ações nacionais de pesquisa e desenvolvimento (P&D), optou-se por fazer um detalhamento dessas Áreas Estratégicas em um espaço delimitado por três eixos, capazes de criar vetores interagentes e coordenados, denominados de Tecnologias de Interesse da Defesa Nacional:
Eixo da Defesa – contempla as especificações e os requisitos militares da Defesa Nacional a serem satisfeitos por Sistemas de Armas. Relaciona-se primordialmente às Expressões Política e Militar do Poder Nacional.
Eixo da Ciência e Tecnologia – contempla as Áreas Tecnológicas Estratégicas necessárias para atender às especificações e aos requisitos definidos para os Sistemas da Defesa Nacional. Relaciona-se primordialmente à Expressão Científica e Tecnológica do Poder Nacional.
Eixo da Indústria – contempla as capacidades inovadoras e características industriais próprias para satisfação das especificações e dos requisitos estabelecidos para os Sistemas da Defesa Nacional. Relaciona-se primordialmente às Expressões Econômica e Psicossocial do Poder Nacional.
Tecnologias de Interesse da Defesa Nacional
1. Fusão de Dados;
2. Microeletrônica;
3. Sistemas de Informação;
4. Radares de Alta Sensibilidade;
5. Ambiente de Sistemas de Armas;
6. Materiais de Alta Densidade Energética;
7. Hipervelocidade;
8. Potência Pulsada;
9. Navegação Automática de Precisão;
10. Materiais Compostos;
11. Dinâmica dos Fluidos Computacional – CFD;
12. Sensores Ativos e Passivos;
13. Fotônica;
14. Inteligência de Máquinas e Robótica;
15. Controle de Assinaturas;
16. Reatores Nucleares;
17. Sistemas Espaciais;
18. Propulsão com Ar Aspirado;
19. Materiais e Processos em Biotecnologia;
20. Defesa Química, Biológica e Nuclear (QBN);
21. Integração de Sistemas;
22. Supercondutividade;
23. Fontes Renováveis de Energia.Fonte/Ministerio da Defesa
https://www.defesa.gov.br/ciencia_tecnologia/index.php?page=areas
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