Dupla da McLaren visitou carros antigos da equipe e ficou "encantada" com MP4/4
O fabuloso McLaren MP4-4 permitiu que a equipa de Ron Dennis dominasse uma temporada de Formula 1 (1988) como nunca antes nenhuma equipa o tinha conseguido… e nem nos anos seguintes, até aos dias de hoje, tal domínio voltou a ser igualado ou superado.
O McLaren MP4-4 tinha um chassis em monobloco de fibra de carbono e kevlar, o motor era o Honda Turbo que debitava cerca de 700 cv (2,5 bar) às 13.800 rpm.
O domínio exercido nesse ano pelo MP4-4 foi avassalador, para isso muito contribui também o facto da equipa McLaren ter contratado o piloto brasileiro Ayrton Senna (ex-Lotus) para ser colega do francês bi-campeão Alain Prost, tornando-se numa das mais poderosas duplas de pilotos que a Formula 1 já teve.
A Honda fornecia motores a duas equipas, a Lotus e a McLaren, mas o desempenho das duas equipas bastante diferente. A determinada altura do campeonato, a Lotus manifestou aos japoneses da Honda a sua desconfiança em relação aos motores. Ao que a Honda respondeu que não havia favorecimento à McLaren em detrimento da Lotus e como tal dava à Lotus a oportunidade de ser a primeira a escolher os motores. Mas nem mesmo assim os Lotus conseguiram voltar aos níveis demonstrados nos anos anteriores.
Mas para falar sobre o McLaren MP4-4 resolvi postar o texto que vinha na Turbo nº85 de Setembro de 1988, nas pág. 74 e 75.
“O inacessível McLaren MP4-4”
“«Para ser bem sucedido na Formula 1 é necessária a conjugação de cinco factores: chassis, motor, pilotos, pneus e uma boa organização. Se algum destes elementos falhar é impossível chegar a uma posição de relevo». Quem o afirma é Gordon Murray, responsável pelo «staff» técnico da McLaren desde 1987 depois de ter permanecido durante dezassete anos ao serviço da Brabham. Embora o chassis MP4-4 tenha a assinatura de Steve Nichols todas as directrizes do projecto foram estabelecidos por Murray. O projectista sul-africano atribui todo o sucesso do projecto à organização da equipa britânica, comandada superiormente por Ron Dennis, a qual permitiu desenvolver toda a capacidade criativa dos dezassete homens que integram os diversos sectores do departamento técnico da equipa sediada em Woking. «Na McLaren para cada projecto temos um responsável, coordenando eu todo o conjunto. É preciso não esquecer os outros engenheiros, de quem nunca se ouve falar, e sem os quais este carro não teria nascido». Mas qual é o segredo do MP4-4, um carro que não têm permitido quaisquer veleidades aos seus adversários desde a prova inaugural do campeoanto? Para Murray, o primeiro chassis totalmente novo construído pela McLaren desde 1983 apresenta um «cockpit» de soluções clássicas (à excepção da posição de condução e da caixa de velocidades) mas com ideias inovadoras. Fundamental para o domínio exercido são ainda o baixo posicionamento do motor e a caixa de velocidades utilizada (de origem Weissmann) o que permitiu obter um centro de gravidade mais baixo. Da experiência colhida com a concepção do Brabham BT55, o carro da discórdia e que precipitou a sua saída da equipa de Ecclestone, Murray sabia que o baixo posicionamento do piloto tinha consideráveis vantagens em termos aerodinâmicos, aliás amplamente comprovados no McLaren MP4-4 o que desde logo viabilizava o seu anterior projecto… A juntar a todos estes componentes há ainda que ter em conta a prestação de dois pilotos de excepção e a utilização do motor sobrealimentado Honda RA 168-E nas suas várias versões dispondo de uma ampla curva de potência utilizável.Uma questão poderá desde já levantada: também a Lotus dispõe de um motor idêntico e de um piloto que dá pelo nome de Piquet. «Também nós não conseguimos perceber esta diferença de comportamentos dos dois carros. Não há dúvida que a aerodinâmica do McLaren é diferente mas a distribuição de pesos é semelhante. É difícil de explicar…» garante Murray acerca de um carro que, poderia dominar durante mais dois ou três anos o panorama da Formula 1, mas que passará à história no final desta temporada face à regulamentação vigente nesta disciplina a partir de 1989.”
O McLaren MP4-4 tinha um chassis em monobloco de fibra de carbono e kevlar, o motor era o Honda Turbo que debitava cerca de 700 cv (2,5 bar) às 13.800 rpm.
O domínio exercido nesse ano pelo MP4-4 foi avassalador, para isso muito contribui também o facto da equipa McLaren ter contratado o piloto brasileiro Ayrton Senna (ex-Lotus) para ser colega do francês bi-campeão Alain Prost, tornando-se numa das mais poderosas duplas de pilotos que a Formula 1 já teve.
A Honda fornecia motores a duas equipas, a Lotus e a McLaren, mas o desempenho das duas equipas bastante diferente. A determinada altura do campeonato, a Lotus manifestou aos japoneses da Honda a sua desconfiança em relação aos motores. Ao que a Honda respondeu que não havia favorecimento à McLaren em detrimento da Lotus e como tal dava à Lotus a oportunidade de ser a primeira a escolher os motores. Mas nem mesmo assim os Lotus conseguiram voltar aos níveis demonstrados nos anos anteriores.
Mas para falar sobre o McLaren MP4-4 resolvi postar o texto que vinha na Turbo nº85 de Setembro de 1988, nas pág. 74 e 75.
“O inacessível McLaren MP4-4”
“«Para ser bem sucedido na Formula 1 é necessária a conjugação de cinco factores: chassis, motor, pilotos, pneus e uma boa organização. Se algum destes elementos falhar é impossível chegar a uma posição de relevo». Quem o afirma é Gordon Murray, responsável pelo «staff» técnico da McLaren desde 1987 depois de ter permanecido durante dezassete anos ao serviço da Brabham. Embora o chassis MP4-4 tenha a assinatura de Steve Nichols todas as directrizes do projecto foram estabelecidos por Murray. O projectista sul-africano atribui todo o sucesso do projecto à organização da equipa britânica, comandada superiormente por Ron Dennis, a qual permitiu desenvolver toda a capacidade criativa dos dezassete homens que integram os diversos sectores do departamento técnico da equipa sediada em Woking. «Na McLaren para cada projecto temos um responsável, coordenando eu todo o conjunto. É preciso não esquecer os outros engenheiros, de quem nunca se ouve falar, e sem os quais este carro não teria nascido». Mas qual é o segredo do MP4-4, um carro que não têm permitido quaisquer veleidades aos seus adversários desde a prova inaugural do campeoanto? Para Murray, o primeiro chassis totalmente novo construído pela McLaren desde 1983 apresenta um «cockpit» de soluções clássicas (à excepção da posição de condução e da caixa de velocidades) mas com ideias inovadoras. Fundamental para o domínio exercido são ainda o baixo posicionamento do motor e a caixa de velocidades utilizada (de origem Weissmann) o que permitiu obter um centro de gravidade mais baixo. Da experiência colhida com a concepção do Brabham BT55, o carro da discórdia e que precipitou a sua saída da equipa de Ecclestone, Murray sabia que o baixo posicionamento do piloto tinha consideráveis vantagens em termos aerodinâmicos, aliás amplamente comprovados no McLaren MP4-4 o que desde logo viabilizava o seu anterior projecto… A juntar a todos estes componentes há ainda que ter em conta a prestação de dois pilotos de excepção e a utilização do motor sobrealimentado Honda RA 168-E nas suas várias versões dispondo de uma ampla curva de potência utilizável.Uma questão poderá desde já levantada: também a Lotus dispõe de um motor idêntico e de um piloto que dá pelo nome de Piquet. «Também nós não conseguimos perceber esta diferença de comportamentos dos dois carros. Não há dúvida que a aerodinâmica do McLaren é diferente mas a distribuição de pesos é semelhante. É difícil de explicar…» garante Murray acerca de um carro que, poderia dominar durante mais dois ou três anos o panorama da Formula 1, mas que passará à história no final desta temporada face à regulamentação vigente nesta disciplina a partir de 1989.”
Para se melhor compreender o avassalador domínio da McLaren, deixo-vos alguns números que o MP4-4 alcançou em 1988:
- Vitórias: 15 (Senna 8 e Prost 7) em 16 GP’s (93,75%);
- Pole-positions: 15 (Senna 13 e Prost 2) em 16 GP’s (93,75%);
- Os seus pilotos ocuparam por 12 vezes a primeira linha da grelha de partida (75%);
- Melhores voltas: 10 (Prost 8 e Senna 2) em 16 GP’s (62,5%);
- Das 32 partidas que o MP4-4 fez, terminou 28 vezes e apenas abandonou 4 vezes (87,5%);
- A McLaren conseguiu 199 pontos dos 240 possíveis (82,92%); todos os pontos das restantes equipas (201) superavam os da McLaren por apenas 2 pontos.
- Conseguiu 10 dobradinhas em 16 possíveis (62,5%);
- O McLaren MP4-4 liderou 97,28% (1003 voltas) das voltas do somatório de todos os GP’s (1031 voltas).
- Vitórias: 15 (Senna 8 e Prost 7) em 16 GP’s (93,75%);
- Pole-positions: 15 (Senna 13 e Prost 2) em 16 GP’s (93,75%);
- Os seus pilotos ocuparam por 12 vezes a primeira linha da grelha de partida (75%);
- Melhores voltas: 10 (Prost 8 e Senna 2) em 16 GP’s (62,5%);
- Das 32 partidas que o MP4-4 fez, terminou 28 vezes e apenas abandonou 4 vezes (87,5%);
- A McLaren conseguiu 199 pontos dos 240 possíveis (82,92%); todos os pontos das restantes equipas (201) superavam os da McLaren por apenas 2 pontos.
- Conseguiu 10 dobradinhas em 16 possíveis (62,5%);
- O McLaren MP4-4 liderou 97,28% (1003 voltas) das voltas do somatório de todos os GP’s (1031 voltas).
Texto: Blog Quatro Rodinhas
1 Comentários
Muito interessante o seu blog. Gostei.
Obrigado pela referencia ao meu blog. Só como informação: brevemente estará no 4rodinhas um post sobre o McLaren MP4/4 do Ayrton Senna e assim completarei na minha colecção essa fantástica dupla de 1988.
Grande abraço
José