A França está tentando esconder seu passado colaboracionista marcando as celebrações do 70º aniversário do discurso de Charles de Gaulle para resistir ao nazismo, disse um eminente historiador.
Jean-Pierre Azéma, um respeitado autor de uma dúzia de livros, disse estar preocupado que verdades inconvenientes sobre o passado de guerra da França estejam sendo escondidas em meio a um surto de patriotismo com o discurso de de Gaulle, feito em Londres em 18 de junho de 1940.
Ele disse que o fervor em torno do aniversário do discurso tenta ampliar os feitos de de Gaulle, quando o homem da hora era, na verdade, Winston Churchill.
“A história está sendo usada como uma ferramenta política num conto de fadas nacional”, disse Azéma, acrescentando que a vasta maioria dos franceses pouco se importava com o General de Gaulle quando ele fez seu apelo na BBC – um dia após Philippe Pétain, um marechal francês, anunciar o armistício com os invasores alemães.
Dezenas de eventos estão sendo realizados pela França para lembrar o discurso, no qual de Gaulle declarou: “O que quer que aconteça, a chama da resistência francesa não deve e nem será extinta”. O Presidente Nicolas Sarkozy visitou Londres para marcar o aniversário e também visitou o Mont Valérien, o memorial da Resistência Francesa perto de Paris.
Em Londres, ele visitou o estúdio B2 da BBC, de onde de Gaulle fez seu discurso, e também seus escritórios durante a guerra – antes de se encontrar com o Príncipe de Gales e o Primeiro-Ministro David Cameron.
Mas Azéma disse que o público francês deve ser lembrado que o reverenciado apelo de de Gaulle passou quase despercebido na época, e que não foi visto como uma salvação para a maioria da população.
“De Gaulle era então visto como um emigrante, uma figura dissonante que havia deixado a França”, disse Azéma. “O homem da hora era Pétain”, um herói de Verdun, na Primeira Guerra Mundial. Após anunciar a rendição, ele foi eleito chefe de estado pelo Parlamento francês para fazer a paz com a Alemanha. Mas após a guerra ele foi taxado de traidor colaboracionista e encarcerado pelo resto da vida.
“Pouquíssimas pessoas escutaram o apelo de de Gaulle porque milhões de refugiados franceses estavam em pleno êxodo. Nas estradas, eles tinham mais o que fazer do que escutar a BBC”, disse. O chamado às armas de de Gaulle foi publicado junto com outras notícias em uns poucos jornais provinciais.
Pétain, em 17 de junho de 1940, anunciou a rendição francesa pelo rádio, dizendo: “É com o coração pesado que eu digo-lhes hoje que a luta deve cessar”.
Sua decisão foi recebida com alívio pela maioria dos franceses.
No mesmo dia que Pétain anunciou a rendição, de Gaulle estava em Londres encontrando-se com Churchill, que era, segundo Azéma, o verdadeiro mandatário e “homem do destino”.
“De Gaulle se tornou um homem da história porque um homem o escolheu, deu-lhe acesso à BBC e superou a resistência do gabinete de guerra; esse homem foi Churchill”, concluiu.
Fonte: The Telegraph, 16 de junho de 2010. - Via Sala de Guerra
Jean-Pierre Azéma, um respeitado autor de uma dúzia de livros, disse estar preocupado que verdades inconvenientes sobre o passado de guerra da França estejam sendo escondidas em meio a um surto de patriotismo com o discurso de de Gaulle, feito em Londres em 18 de junho de 1940.
Ele disse que o fervor em torno do aniversário do discurso tenta ampliar os feitos de de Gaulle, quando o homem da hora era, na verdade, Winston Churchill.
“A história está sendo usada como uma ferramenta política num conto de fadas nacional”, disse Azéma, acrescentando que a vasta maioria dos franceses pouco se importava com o General de Gaulle quando ele fez seu apelo na BBC – um dia após Philippe Pétain, um marechal francês, anunciar o armistício com os invasores alemães.
Dezenas de eventos estão sendo realizados pela França para lembrar o discurso, no qual de Gaulle declarou: “O que quer que aconteça, a chama da resistência francesa não deve e nem será extinta”. O Presidente Nicolas Sarkozy visitou Londres para marcar o aniversário e também visitou o Mont Valérien, o memorial da Resistência Francesa perto de Paris.
Em Londres, ele visitou o estúdio B2 da BBC, de onde de Gaulle fez seu discurso, e também seus escritórios durante a guerra – antes de se encontrar com o Príncipe de Gales e o Primeiro-Ministro David Cameron.
Mas Azéma disse que o público francês deve ser lembrado que o reverenciado apelo de de Gaulle passou quase despercebido na época, e que não foi visto como uma salvação para a maioria da população.
“De Gaulle era então visto como um emigrante, uma figura dissonante que havia deixado a França”, disse Azéma. “O homem da hora era Pétain”, um herói de Verdun, na Primeira Guerra Mundial. Após anunciar a rendição, ele foi eleito chefe de estado pelo Parlamento francês para fazer a paz com a Alemanha. Mas após a guerra ele foi taxado de traidor colaboracionista e encarcerado pelo resto da vida.
“Pouquíssimas pessoas escutaram o apelo de de Gaulle porque milhões de refugiados franceses estavam em pleno êxodo. Nas estradas, eles tinham mais o que fazer do que escutar a BBC”, disse. O chamado às armas de de Gaulle foi publicado junto com outras notícias em uns poucos jornais provinciais.
Pétain, em 17 de junho de 1940, anunciou a rendição francesa pelo rádio, dizendo: “É com o coração pesado que eu digo-lhes hoje que a luta deve cessar”.
Sua decisão foi recebida com alívio pela maioria dos franceses.
No mesmo dia que Pétain anunciou a rendição, de Gaulle estava em Londres encontrando-se com Churchill, que era, segundo Azéma, o verdadeiro mandatário e “homem do destino”.
“De Gaulle se tornou um homem da história porque um homem o escolheu, deu-lhe acesso à BBC e superou a resistência do gabinete de guerra; esse homem foi Churchill”, concluiu.
Fonte: The Telegraph, 16 de junho de 2010. - Via Sala de Guerra
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