Capitão Kirk e a tripulação da Enterprise nem imaginam, mas suas aventuras saíram das telinhas e foram parar nos galpões da Nasa, onde foi construída a espaçonave Dawn (Alvorada, em inglês). A nave é a primeira da história capaz de entrar na órbita de um planeta e ter propulsão suficiente para sair dela e orbitar outro astro. Ou seja, é a primeira nave realmente interplanetária. Isso só é possível pelo fato dela usar um sistema de propulsão iônico, parecido com o que havia sido imaginado para o seriado de TV.
Neste momento, Dawn - que foi lançada ao espaço em 2007 - está perto de Marte. Ela deve aproveitar uma forcinha da órbita do planeta vermelho e depois ligar seus propulsores para chegar ao asteróide Vesta, que fica no cinturão de asteróides entre Marte e Júpter. Ela vai orbitar em torno deste mundo rochoso durante um ano para explorar seus mistérios. Depois, a nave vai fazer algo que é inédito no mundo real do voo espacial: deixar a órbita de um corpo espacial e voar na órbita de outro, o planeta-anão Ceres.
Rota da Nave Dawn ao redor do asteróide Vesta
O satélite é o primeiro capaz de realizar a missão porque usa propulsão iônica, uma tecnologia que pode manter uma nave funcionanto por muito mais tempo que a propulsão convencional. “A propulsão iônica é 10 vezes mais eficiente do que os sistemas de propulsão utilizados na maioria das naves espaciais. Sem propulsão iônica, uma missão para qualquer um dos destinos traçados para Dawn seria exorbitante”, explica Marc Rayman, engenheiro-chefe da missão na Nasa. Segundo ele, cumprir esses objetivos com uma nave tradicional exigiria tanto combustível, que a tornaria pesada demais para ser lançada.
A nave será a primeira a orbitar um planeta e sair dessa órbita para ir a outro
Muito mais econômica, por consumir apenas um quilo de gás a cada quatro dias, a propulsão iônica funciona da seguinte maneira: 1) no motor da nave, o gás nobre usado como combustível é transformado em plasma 2) as cargas positivas desse plasma são expulsas por um potente campo elétrico 3) a força dessas cargas é tão intensa, que empurra a nave para frente.
“A ideia surgiu muito antes de Star Trek, apesar da propulsão iônica ainda não ter sido utilizada para a exploração espacial quando o programa televisivo foi transmitido. Os roteiristas da série, ouvindo falar deste conceito legítimo, incorporaram o tema em episódios divertidos”, diz Rayman. “No entanto, vejo uma ligação forte entre Star Trek e Dawn. É muito gratificante trazer essas ideias populares de ficção científica de volta à realidade da ciência”.
Fonte: Bruno Athayde (Revista Galileu) - Imagens: Divulgação/Nasa - Noticias Sobre Aviação
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