Em comemoração ao Centenário de Nascimento do Brigadeiro-do-Ar Nero Moura, Patrono da Aviação de Caça Brasileira,o Comando da Aeronáutica abriu ao público, no dia 27 de agosto, a exposição Nero Moura 100 Anos, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Antônio Carlos Jobim. A mostra itinerante fica no local até o dia 12 de setembro e depois segue para Recife.
Com produção executiva do Museu Aeroespacial e pesquisa do Centro de Documentação da Aeronáutica , a exposição temporária possui painéis iluminados, maquete de P-47 Thunderbolt, vitrines com réplicas, além da exibição de vídeo inédito sobre a trajetória de Nero Moura com destaque para sua participação na Segunda Guerra Mundial.
A solenidade de abertura contou com as presenças do Brigadeiro-do-Ar Márcio Bhering Cardoso, Diretor do Museu Aeroespacial, e do Superintendente do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, André Luis Marques de Barros.
carreira
Nero Moura nasceu na Cidade de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, em 30 de janeiro de 1910. Filho de fazendeiros de arroz, fez o curso primário no próprio município indo depois cursar o Colégio Militar de Porto Alegre.
Em 1927, foi admitido como Cadete na Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro. Já no ano seguinte escolheu a Arma de Aviação sendo transferido para Escola de Aviação Militar (E.A.M.), no Campo dos Afonsos, onde completou os estudos de Oficial Aviador do Exército. Foi declarado Aspirante em 22 de novembro de 1930 e em janeiro de 1931 promovido a Segundo Tenente. Suas primeiras missões foram no Correio Aéreo Militar.
Advindo a Revolução de 1932, Nero Moura participou do lado das forças legais executando voo de reconhecimento, bombardeio e ataque ao solo na região do Vale do Paraíba. Chegou a completar 100 horas de voo em missões reais.
Passada a Revolução foi convocado para ser instrutor de voo na E.A.M. Sua promoção a Primeiro-Tenente ocorreu em 1933 e, em 1934, deixou a Escola de Aviação para fazer o curso de aperfeiçoamento na França.
Logo ao regressar, participou do combate à Intentona Comunista de 1937, onde vários de seus colegas foram assassinados a sangue frio no Campo dos Afonsos. No dia 28 de novembro, realizou uma missão real de bombardeio ao Terceiro Regimento de Infantaria na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.
Após a promoção a Capitão em 1937, foi designado Subcomandante e Comandante substituto do Terceiro Regimento de Aviação em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Tinha ordens de, se necessário, combater um possível levante do governo estadual.
Com a criação do Ministério da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira em 1941, Nero Moura participou de sua organização já como Major-Aviador, tendo sido instrutor do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Em 28 de dezembro de 1943, foi designado Comandante do Primeiro Grupo de Aviação de Caça com a missão de organizá-lo para combater na Segunda Guerra Mundial. Seu desempenho como comandante foi excepcional e, apesar de inúmeras dificuldades, conseguiu que o seu Grupo fosse um dos mais eficientes e destacados no teatro de operações do centro sul europeu.
Nero Moura cumpriu sessenta e duas missões de combate na Itália e várias outras de patrulha no Atlântico Sul. Pelos seus feitos na guerra recebeu as seguintes condecorações: Medalha da Campanha da Itália, Medalha da Campanha do Atlântico Sul, Cruz de Aviação fita "A" com três estrelas, Distiguished Fying Cross (E.U.A.), Air Medal With Two Stars (E.U.A.), Legion du Merit (França), Croix de Guerre Avec Palm (França), Order of the British Empire (Inglaterra).
Em setembro de 1945, como Tenente Coronel, foi designado Comandante do Primeiro Regimento de Aviação em Santa Cruz. Esta função, à época, era mais abrangente do que um comando de Base Aérea.
Seus feitos em combate, durante toda a sua carreira de Oficial, permitiram computar legalmente o tempo de serviço necessário à passagem para a reserva, com todos os direitos assegurados e uma experiência de mais de cinco mil horas de voo. Nero Moura, com trinta e cinco anos de vida, dedicou-se então à Aviação Civil, tendo sido fundador e organizador da Aerovias Brasil e do Loyde Aéreo.
Getulio Vargas ao ser eleito para Presidente da República, o convidou para ser Ministro da Aeronáutica em 1951.
Nero Moura com sua personalidade congregadora e perfil profissional invejável, conseguiu fazer uma administração excelente, apesar do fato inusitado de ser o Oficial-General mais moderno e mais jovem da Força Aérea.
Neste período, a Aviação de Caça recebeu os aviões Gloster Meteor, tornando a uma das mais bem equipadas e profissionais forças aéreas da época. Em agosto de 1954, pediu demissão do Ministério da Aeronáutica e voltou a dedicar se às atividades civis.
Nero Moura sempre manteve estreita ligação de amizade com todos os seus subordinados da Campanha da Itália, sem qualquer distinção. Após a Revolução de 1964, em solidariedade a alguns desses subordinados que foram proibidos de entrar em unidades militares, Nero Moura não compareceu mais a nenhuma festividade cívico-militar até o ano de 1979.
Sua reprovação silenciosa teve grande influência na revogação deste ato. No dia 22 de abril de 1979, o então Tenente-Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, Ministro da Aeronáutica foi a sua casa e pessoalmente o convidou e o conduziu à Base Aérea de Santa Cruz onde, junto com todos os seus companheiros, foi reverenciado e assistiu às solenidades do Dia da Caça.
As tradicionais e concorridas reuniões mensais em sua residência no Bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, continuaram acontecendo até o fim de sua vida.
Nero Moura faleceu aos 84 anos, no dia 17 de dezembro de 1994, e permanece, em espirito, junto a todos os caçadores brasileiros.
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