Assim como os automóveis de passeio são divididos por tipos, como sedã e hatch, os aviões também são classificados por modelo. No jargão do setor, KC é toda aeronave capaz de abastecer outras em pleno vôo (função representada pela letra K) e transportar tropas e equipamentos militares (representada pela letra C).
Projeto do KC-390: o valor total do contrato entre o Comando da Aeronáutica e a Embraer para o desenvolvimento monta a 3,028 bilhões de reais
O KC-390 é o chamado avião de assalto, que deve ser capaz de pousar no campo de batalha, em pistas mal-preparadas, colocando tropas e carros de combate perto da zona de conflito. Além de ser um avião de transporte de carga, ele pode reabastecer aviões de combate durante o vôo. "É uma janela de oportunidades detectada pela Embraer, de desenvolver uma aeronave com essas características mais modernas. O KC-390 vem ocupar esse nicho de mercado", diz Richard Lucht, diretor nacional de pós graduação da ESPM e professor colaborador do ITA.
Já faz alguns anos que a espinha dorsal das principais forças aéreas do mundo para transporte de cargas de médio porte é o C-130 (Hércules C-130), segundo Lucht. "Desde a década de 50, as fabricantes de aeronaves tentam um substituto para o Hércules, e o KC 390 pode ocupar essa função", diz o especialista em aviação Paulo Bittencourt, da Multiplan Consultores Aeronáuticos.
Dentre as 54 intenções de compra do modelo, há pedidos no Brasil, Chile, Colômbia, Portugal e República Tcheca
Brasileiro versus herói grego
Dentre as 54 intenções de compra do KC-390, há pedidos no Brasil (28), Chile (6), Colômbia (12), Portugal (6) e República Tcheca (2). Não existe ainda um preço divulgado para a aeronave. Os comunicados recentes referem-se a acordos no âmbito governamental, ou seja, o governo do país tem intenção de adquirir o KC-390, se sua indústria participar do programa de desenvolvimento da aeronave.
Para o especialista, é importante vender nos países em desenvolvimento, porque eles compram pouco em quantidade, mas dão visibilidade ao produto. "Acredito na venda para países de primeiro mundo também. A França está interessadíssima, e se ela comprar, a OTAN poderia comprar. A OTAN cria padrões, e os países compram dentro do padrão", diz Bittencourt, referindo-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar mantida pelos Estados Unidos e pelos países europeus.
Luis Adônis Batista Pinheiro, ex-chefe do DAC - e ex-piloto e instrutor no Hércules C-130 - não acredita que países como os Estados Unidos, França e Inglaterra venham a usar o modelo brasileiro. Mas ele aposta em vendas para a América do Sul, Ásia e Oriente Médio. "O KC-390 vai ser melhor que o Hércules", diz.
Cenário positivo
O programa está agora em sua segunda fase, chamada de definições iniciais, em que uma das principais atividades é justamente a procura e seleção dos fornecedores. Por essa razão, os fornecedores não estão ainda definidos, segundo a Embraer. O primeiro protótipo deverá voar em meados de 2014, e as primeiras aeronaves de série deverão começar a ser entregues no final de 2015.
Fonte: EXAME
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