No primeiro sinal direto aos militares na campanha, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, divulgou ontem uma carta às Forças Armadas. A seis dias das eleições, o documento, que conta com jargões militares, apresenta compromissos como manter o serviço militar obrigatório, o regime previdenciário diferenciado, além de reforçar a política salarial praticada no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a campanha e militares ouvidos pela reportagem, não há nenhum movimento contra a candidata, mas reclamações pontuais.
Uma das queixas contra a petista é o fato de não fazer referência ao trabalho do Exército nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma de suas principais bandeiras exploradas na campanha.
Dilma já havia sido convidada para dar palestra no Clube Militar, mas não compareceu, ao contrário de seu adversário, José Serra (PSDB).
O tucano divulgou em setembro um texto com teor semelhante ao que foi assinado por Dilma - o que foi interpretado como uma tentativa de reaproximação do candidato com as Forças Armadas.
Na carta, Dilma afirma que as Forças Armadas "estão entre as instituições com maior índice de confiança" no país, promete a reestruturação da indústria bélica nacional e a reorganização das Forças.
Segundo o texto, um eventual governo Dilma dará incentivos para três segmentos "imprescindíveis para a defesa do país: cibernético, espacial e nuclear".
Dilma, que foi presa e torturada pelo regime militar (1964-1985), fala na carta em continuar marchando em "cadência uniforme" e que as realizações do governo Lula serão "potencializadas".
A candidata afirma ainda que o "profissionalismo militar é forte elemento estruturante e está enraizado em nosso consolidado regime democrático".
Ao se despedir, Dilma diz que espera contar com os militares, se vencer as eleições.
"Se eleita presidente, como Comandante Suprema das Forças Armadas de meu país, haverei de contar com o espírito de corpo que distingue homens e mulheres da caserna, sentinelas em alerta, importantes mantenedores dos valores da nossa unidade nacional".
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