Bolívia e Irã assinaram esta semana carta de intenções para impulsionar no país sul-americano projetos de fabricação de baterias de lítio e geração de energia nuclear, informou na sexta-feira o presidente Evo Morales.

Os acordos ainda são preliminares e, no caso da industrialização do lítio, não fecham as portas para uma eventual participação de empresas e governos de outros países, disse o presidente, ao mencionar os alcances dos documentos assinados durante sua visita de segunda a quarta-feira a Teerã.

As baterias de lítio são células primárias que têm ânodos de litiometálico. As células de lítio produzem uma tensão cerca de duas vezes maior que a de uma bateria comum de zinco-carbono ou alcalina: 3 volts contra 1,5 volts, respectivamente. Baterias de lítio são usadas em muitos equipamentos eletrônicos portáteis, e são também largamente usadas em eletrônica industrial. bateria de litio: O termo "bateria de lítio", na verdade, refere-se a uma família compostos químicos, compreendendo muitos tipos de cátodos e eletrólitos. Um tipo de célula de lítio com alta densidade de energia é a "célula de cloreto de tionil-lítio".

Morales disse em entrevista à imprensa, na cidade de Cochabamba, região central do país, que "está aberto, e não fechado", o processo de busca de um sócio para a fabricação na Bolívia de baterias de lítio, como principal aproveitamento da enorme reserva desse metal em Uyuni, no planalto boliviano.

O presidente lembrou que o Estado boliviano --que declarou ter sob total domínio as reservas de lítio do país, que equivaleriam a 70 por cento das reservas mundiais-- conta com tecnologia e recursos econômicos para empreender por sua conta a etapa inicial de mineração do plano, até a produção do carbonato de lítio.

"O acordo com o Irã, que é uma carta de intenções, expressa... que, o mais importante, quer ser sócio em baterias e não apenas em carbonato de lítio. Se nessas condições os (empresários) privados querem participar, bem-vindos", disse.

De acordo com um projeto apresentado na semana passada por Morales, a Bolívia completará em 2010 a primeira fase de seu programa de lítio, concentrado em estudos de laboratório e na montagem de uma unidade industrial que lhe permitirá exportar cerca de 40 toneladas de carbonato de lítio por mês e 1.000 toneladas de clorato de potássio.

A essa fase, na qual o governo investiu 18 milhões de dólares, seguirá outra estritamente estatal que demandará 400 milhões de dólares para produzir, a partir de 2014, 30.000 toneladas anuais de carbonato de lítio e volumes não revelados de clorato de potássio.

A sociedade com o Irã ou com empresas privadas seria apenas para a terceira fase, que é a fabricação de baterias.

Entre os potenciais sócios, o governo anunciou inicialmente a francesa Bolloré, as japonesas Sumitomo e Mitsubishi e a sul-coreana Kores, além dos governo do Brasil, Rússia e Venezuela.

Sobre a cooperação nuclear com o Irã, Morales disse que estaria centrado no uso pacífico dessa energia. "Não buscamos uma usina nuclear atômica, mas energética, com fins pacíficos... há muito interesse (do Irã) para trabalhar nisso com a Bolívia", declarou o presidente, ressaltando que, nesse tema, há apenas uma declaração de interesses.

(Reportagem de Carlos A. Quiroga L.) - Via: Yahoo