O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Felix, disse que as forças de segurança brasileiras devem trabalhar para minimizar os riscos de violência antes dos grandes eventos esportivos que o país vai sediar.
Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, durante visita a Israel, o ministro comentou os recentes episódios de violência no Rio de Janeiro e disse que a diferença com relação a outras cidades de grande porte, como Nova York, é 'o nível de agressividade dos traficantes (cariocas), e isso se deve à facilidade do acesso aos armamentos'.
Para o chefe do GSI, que comanda os serviços de inteligência no Brasil, o caminho para a redução de episódios de violência passa pelo aumento da presença do Estado e por um melhor monitoramento das fronteiras do país.
'Já vem sendo feito um processo gradativo de redução da violência, por meio de uma maior presença do Estado, inclusive nas áreas da segurança, saúde e educação', afirmou.
Fronteiras e inteligência
No entanto, o ministro apontou a situação geográfica do Brasil como um desafio à garantia da segurança, tanto diante do risco de crimes ligados ao tráfico de drogas, como diante de possíveis ameaças de atentados terroristas durante os eventos internacionais.
'Temos fronteiras porosas, é muito difícil não ser permeável com fronteiras terrestres de 17.000 km e fronteiras marítimas de 7.500 km', disse.
'E mais, temos fronteiras com os principais produtores de coca do mundo - Colômbia, Peru e Bolívia - e com um dos maiores produtores de maconha, o Paraguai.'
Para o ministro, os avanços na integração dos países na América do Sul, que facilitaram o trânsito de pessoas e mercadorias, seriam um 'ônus' para a segurança.
'Temos que fazer todos os esforços para minimizar os riscos, mas sabemos que não é possível zerá-los.'
Para garantir a segurança na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, os serviços de inteligência do Brasil estão fazendo um trabalho de avaliação de riscos, relatou o ministro.
'Nos Jogos Panamericanos (de 2007, no Rio) tivemos uma boa experiência e fizemos um trabalho integrado com serviços de inteligência de outros países. A inteligência hoje em dia é uma troca, o crime é transnacional', disse.
O ministro lembrou o atentado de militantes palestinos contra a delegação israelense em 1972 nas Olimpíadas de Munique, que resultou na morte de 11 esportistas, como um exemplo dos riscos que o Brasil deve analisar.
Acordo de segurança
Felix assinou nesta quarta feira, em Tel Aviv, um acordo de segurança de informação com o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak.
Os termos do acordo vinham sendo negociados entre os dois países há três anos e incluem detalhes sobre credenciamento de pessoas, organizações e empresas para tratar de assuntos sigilosos, e sobre trânsito bilateral de documentos secretos.
O acordo de sigilo tornou-se especialmente relevante pois Brasil e Israel se encontram em meio a negociações sobre transferência de tecnologias de segurança.
Vários VANTs (veículos aéreos não tripulados) produzidos por Israel já se encontram no Brasil, e há negociações também sobre tecnologias de monitoramento de fronteiras e de áreas urbanas.
Embora o Brasil tenha boas relações com países que Israel considera seus principais inimigos - o Irã e a Síria -, o chefe do GSI afirmou que os laços bilaterais são sólidos.
'Israel é um parceiro antigo do Brasil, temos uma relação de confiança de longa data, inclusive nas áreas da segurança', afirmou.
Fonte: G1
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