A China reagiu ontem com aparente tranquilidade ao apoio do presidente americano, Barack Obama, ao projeto da Índia de ascensão ao Conselho de Segurança das Nações Unidas como membro permanente. Mas não deixou escapar sem revide a iniciativa oculta dos Estados Unidos de conter o poder chinês no seu entorno na Ásia. Enquanto Obama buscava a cooperação da Indonésia, a China anunciava o investimento de US$ 6,6 bilhões em obras de infraestrutura no país.


Em entrevista coletiva, o presidente americano afirmou que não tem interesse na "contenção" do poder da China na Ásia. Entretanto, seu gesto no dia anterior para com a Índia provou o contrário.

Oficialmente, o governo chinês passou por cima de suas disputas territoriais com a Índia e afirmou compreender o desejo indiano de assumir uma cadeira permanente no Conselho. Nas negociações em curso sobre a reforma da organização, a China sempre foi contra o ingresso da Índia e do Japão. Tampouco deu o seu apoio aos outros dois postulantes, Brasil e Alemanha. Os quatro países formam o G-4, grupo com um projeto conjunto de reforma e com o compromisso de apoio mútuo na reforma do Conselho por uma vaga permanente. A reforma da entidade será debatida na Assembleia-Geral da ONU amanhã, mas sem grandes expectativas.

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"A China apoia uma reforma necessária e apropriada no Conselho de Segurança e compreende o desejo da Índia", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Hong Lei. "A China está disposta a manter-se em contato com outros países, incluindo a Índia, e em participar das negociações sobre o ingresso de mais países em desenvolvimento", afirmou.

Reação chinesa. A atitude de Pequim de anunciar o investimento em obras consideradas urgentes na Indonésia causou sombra nos resultados esperados pela Casa Branca com a visita do presidente Obama. O presidente americano não conseguiu extrair do presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, o compromisso de adotar um tom mais moderado nas discussões sobre a "guerra cambial", que se darão na sexta-feira durante a cúpula do G-20, em Seul.


Fonte: Estadão