Um grupo de estudos do congresso americano confirmou nesta semana que o tráfego de sites de grandes corporações e do governo dos EUA foi redirecionado para a China por 18 minutos no mês de abril por conta de um sinal enviado de forma incorreta pela operadora China Telecom.

A comissão não soube informar se a ocorrência foi acidental, mas disse que ela afetou outros paises e chegou a redirecionar 15% de todos os tráfego da internet naquele dia. A China Telecom nega o "sequestro" de dados.

O relatório revela também o crescimento da tensão entre os países. A relação entre China e EUA começou a azedar em janeiro, quando o Google acusou a China de hackear o Gmail e roubar propriedade intelectual. Entenda como funciona o fluxo de dados na internet e o que pode ter acontecido durante os 18 minutos em que o tráfego foi redirecionado para a China.

COMO DADOS NS WEB TRAFEGAM ENTRE PAÍSES?

As informações são enviadas de um destino a outro por redes interconectadas que formam a internet. Os roteadores direcionam esse fluxo de dados. O fluxo entre os roteadores é determinado pela rota mais eficiente possível e pelo nível de confiança entre os provedores de internet e países. Para aumentar a segurança, camadas na rede podem diminuir a velocidade do tráfego na web.

O QUE ACONTECEU EM ABRIL?

No dia 8 de abril a China Telecom enviou um sinal de roteamento incorreto que indicou a China como a rota mais eficiente. Com isso, 15% do tráfego de todos os sites da web passou por servidores chineses por 18 minutos. Isso significa que informações direcionadas para sites do Senado, da Nasa e do Departamento de Comércio dos EUA, assim como para sites no Brasil, França e Rússia, passaram pela China. Entre as empresas com site afetados estão a Dell, YouTube e CNN.

ISSO É UM PROBLEMA SÉRIO?

Internautas na China estão sujeito a censura do chamado "Great Firewall of China" (Grande Firewall da China), o sistema de desvios e roteadores que impede usuários no país de acessar sites como Facebook, Twitter e YouTube.

Entre 2004 e 2005 a Cisco foi criticada por vender para a China equipamentos que permitem esse tipo de medida. Esses roteadores hoje formam a espinha dorsal do firewall usado pelo governo chinês para monitorar como seus cidadãos usam a internet.

Isso significa que os dados que passaram pela China naqueles 18 minutos podem ter sido copiados e, se não estavam encriptados, podem ter sido editados e reenviados quase instantaneamente.

Fonte: O Globo