É fato conhecido que o Irã vem reparando e introduzindo “pequenas” modernizações em suas aeronaves de combate de origem americana em especial os “Persian Cats” (F-14 Tomcat) comprada dos EUA na época do Xá Reza Pahlevi. Desde a Revolução Islâmica de 1979, os EUA impuseram um embargo de armas ao Irã, que evidentemente inclui a venda de novos F-14 e peças de reposição.
A Princípio os reparos e modificações empreendidos pelos iranianos eram introduzidos através de peças e ferramental originados em sua maioria do mercado negro de armas. Isso perdurou até aproximadamente o ano de 2006, quando o Pentágono cessou a venda de partes excedentes para caças F-14. E não me digam que os americanos não sabiam que só o Irã comprava as peças, já que eles fora os EUA são os únicos usuários do F-14.
IRIAF Northrop (Owj) F-5E Saeghe, 3-7368 / S110-003
IRIAF Grumman F-14A Tomcat, 3-6068 / 160366 (cn H-68)
IRIAF McDonnell Douglas F-4E Phantom II, 3-6556 / 11103 (cn 4333)
IRIAF Grumman F-14A Tomcats
IRIAA Bell AH-1J Toufan I (209), 3-4550 (cn 29010)
IRIAF Northrop F-5F Tiger IIs and F-5E Saeghes
Basta lembrar nos anos 80, do escândalo do tráfico de armas americanas para o Irã, batizado de “Irã-Contras” (durante o governo Ronald Reagan 1981-1989) e capitaneado pelo próprio chefe do Conselho de Segurança Nacional, o tenente-coronel Oliver North e o próprio, secretário de Defesa dos EUA Caspar Weinberger (falecido em 2006, ambos receberam indulto presidencial em 1992) fato que simboliza o grau de promiscuidade das relações dos EUA com aquele país.
A proibição norte americana foi reforçada em julho de 2007 quando os EUA retiraram de serviço o honorável F-14 e então a proibição passou a cobrir TODAS as peças do avião até o que o governo americano decidisse com as “partes” que existentes em estoque. Posteriormente decidiu-se que TODOS os caças F-14 estocados e TODAS as peças e partes disponíveis seriam destruídas, uma vez que tais itens fatalmente poderiam cair em mãos iranianas, face os contatos destes no submundo do mercado negro de armas.
O fato é que o Irã tem conseguido manter muito bem uma frota respeitável de pelo menos 25/30 (há quem fale que a capacidade total é 40!) caças F-14. Alem disso essa frota tem recebido pouco a pouco o reforço de aeronaves estocadas desde o tempo da Guerra com o Iraque. Demonstrando que o nível desenvolvimento tecnológico da engenharia e indústria Iranianas possui um importante e respeitável nível de desenvolvimento.
Como exemplo da capacidade dos engenheiros aeronáuticos iranianos (HESA - Iran Aircraft Manufacturing Industrial Company) e sua capacidade de “aprender” através da engenharia reversa, é que durante o Iran Air Show 2002, o país revelou alguns de aviões de concepção nacional como o “Shafaq” (imagem acima), que a é a tentativa junto com os russos de desenvolver um substituto para o F-5 (caça leve) mas com tecnologia "Stealth".
O “Tazarv” uma aeronave de treinamento avançado a jato, tambem foi mostrada o S68 que é a cópia do treinador turboélice Suíço PC-7 . Foi mostrado tambem o “Azarakahsh” que nada mais é que uma cópia do F-5E (10% maior que o original) com motores russos Klimov cópiados do motor original do F-5 o J-85. Os radares originais tiveram o alcance incrementado em 50% face a introdução de componentes e módulos do radar do MiG-29.
Azarakhsh - A primeira versão era essencialmente um F-5 recostruído
"Azarakhsh" versão final de série do F-5 made in iran
Com desenho mais refinado a nova versão tem entradas de ar diferentes e "dentes" nas asas.
"Azarakhsh" versão final de série do F-5 made in iran - observar detalhe da entrada de ar.
A época foi mostrada também outra versão melhorada do caça F-5 denominada Sa'eqeh-80 (ou simplismente Saeghe) que é um caça F-5 com dimensões 25% maiores, dois lemes verticais ao estilo do F-18 americano. O Saeghe-80 (Trovão) tem comandos “Fly-by-wire”, o mesmo numero de pontos de fixação nas asas e configuração geral idêntica ao F-5.
"Azarakhsh" a trás e o "Saeghe-80" a frente - As duas versões dentro de um hangar fica clara a diferença nas entradas de ar.
O segundo protótipo deste avião (que voou em 2007) tem novas e maiores entradas de ar indicando a troca dos motores originais. Especula-se que o Shafagh será no futuro motorizado com o Turbojato Russo Klimov RD-33 do MiG-29 e poderia servir como avião de ataque substituindo na função os F-4 Phanton.
Outro item importante introduzido pelos engenheiros iranianos em seus F-14 foi a capacitação dos caças em lançar mísseis Hawk (acima) e a introdução de lançamento de bombas guiadas a laser/TV (Qassed 1) e inteligentes (Qassed 2 - GPS) de até 900 quilos. (ja testadas em exercícios aéreos sobre o Golfo Pérsico e no Mar de Omã).
Qassed 1
Assim, as declarações do comandante da Força Aérea General Aziz Nasirzadeh de que “radares e novos motores fabricados no Irã foram instalados nos caças F-14” e que “a frota de F-14 como completamente revitalizada” apesar do viés propagandístico, já que nem a China consegue hoje fabricar turbinas a jato de alto desempenho, é salutar e demonstra o nível de nacionalização de componentes sensíveis dos caças F-14.
By Vinna - Reprodução Autorizada desde que citada a origem
3 Comentários
E onde eu posso encontrar um site com bastante informação sobre o Saeghe-80 e o Azarakash?
Quanto ao Saeghe-80 e o Azarakash as informações estão pulverizadas em varios sites e mesmo asim não são confiaveis. Eu mesmo to fazendo um artigo sobre os F-14 do Irã e suas atualizações (ta quase pronto) e sinto dificuldades.
Depois eu escrevo sobre o Saeghe-80 e o Azarakash.