O homem que revolucionou o mundo e acabou definitivamente com a diplomacia “falastrona e de punho de rendas”, foi solto em Londres, ameaçado nos EUA. Retirado da prisão por amigos, inimigos querem logo devolvê-lo ao intempestivo silêncio.
Tentam processá-lo “por uma porção de fatos”, só não explicam quais. Falsificou documentos?
Criou e atribuiu a diplomatas frases e conceitos que não são deles? Apenas revelou 250 mil confidências tolas e criminosas de “representantes americanos”. Para eles, Julian Assange se transformou no calcanhar de Aquiles, querem inutilizá-lo pelo tornozelo. Não faz sentido, nem processo haverá.
O WikiLeaks destroçou a diplomacia brasileira, na questão da cobertura dada ao aventureiro e doidivanas Zelaya, de Honduras. Textual: “O Brasil não estava preparado, nem sabia o que fazer, queriam transformar Zelaya em mártir”.
Na época, critiquei diariamente não só o chanceler Amorim, mas o próprio governo Lula, pelo espetáculo vergonhoso. (Aqui mesmo, no blog, muitos defenderam Zelaya e Amorim, absurdo).
Ele não pediu asilo, não fez qualquer gestão, mesmo porque não tinha nenhuma representatividade.
Seu caso era inédito, fui praticamente o único a revelar o que o fato tinha de escabroso e desmoralizador para a diplomacia brasileira.
Zelaya não “invadiu” a Embaixada brasileira, entrou pela porta da frente, com uma centena de “auxiliares”, ficou lá o tempo que quis ou bem entendeu. As televisões do mundo, diariamente apresentavam Zelaya com aquele chapelão de idiota e o charutão de Al Capone (de terceiro time), zombando do Brasil.
Desde o início, defendi e aplaudi Assange, nenhum mérito, não podia fazer outra coisa. Só que estava custando a chegar ao Brasil. Nossa rota territorial pode até ser distante, mas o trajeto moral e nada profissional é uma constante na vida e na carreira de Celso Amorim.
Na década de 80, denunciei o escândalo-escandaloso (não é redundância e sim reafirmação) da Embrafilme. Era o fim da ditadura, não havia mais censura, quase que diariamente denunciava tudo, com informantes maravilhosos.
Um dos maiores dessa cúpula “avassaladora”, precisamente Celso Amorim. Corriam para tirar o jornal de todas as bancas do Rio, não podiam nem examinar outras “providências”.
Meus parabéns a Assange e seu notável WikiLeaks. Notável e infindável.
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PS – Ao sair da prisão (mas praticamente continuando nela, é o pavor da diplomacia, e portanto de todos os países, principalmente os maiores), Assange afirmou: “As publicações continuarão, mesmo que eu esteja preso”.
PS2 – Concluiu: “Ainda não publiquei NEM 1 POR CENTO DOS DOCUMENTOS”.
PS3 – Digamos que só tenha divulgado realmente, nesses dois meses em que revolucionou o mundo, esse 1 por cento. Teria então, material ainda para 17 anos. Isso com 1 por cento de dois em dois meses. Fora os documentos que iriam chegando.
PS4 – A diplomacia do mundo tem que viver mesmo aterrorizada.
Hélio Fernandes/Tribuna da Imprensa - Via Blog do Mesquita
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