Quatro anos depois de perder a venda de aviões Super Tucanos, da Embraer, à Venezuela, devido ao embargo americano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuou a pressionar os Estados Unidos para liberar o veto à negociação. Os aviões de treinamento militar têm tecnologia americana e, portanto, sua comercialização depende de aprovação por questões de transferência de tecnologia.

No encontro de despedida do embaixador Clifford Sobel em Brasília, no ano passado, Lula afirmou que os EUA facilitaram a venda de aviões na América do Sul para a Rússia e a China, desfavorecendo o Brasil. Enquanto os americanos facilitavam a vida dos "de fora", os franceses abriam vantagem com Lula.


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"Lula contou-me que sua visão é a de que o Brasil torne-se a quinta maior economia do mundo em uma década. O presidente da França, (Nicolas) Sarkozy, compreende isso, ele disse, e ofereceu construir seus caças no Brasil. Em oposição a isso, os EUA se recusam a permitir que o Brasil venda os Super Tucanos à Venezuela, abrindo a porta à influência externa, China e Rússia, aqui", escreveu o embaixador ao Departamento de Estado americano, em 31 de julho de 2009, num de seus últimos documentos sobre o Brasil.

"O Brasil precisa dos instrumentos para lidar com os vizinhos, disse Lula. Se a Bolívia quer os Super Tucanos, Lula precisa ser capaz de vender. O Brasil não pode permitir o tipo de embaraços como o causado pela incapacidade de vender os Super Tucanos à Venezuela.

Lula disse que entende a importância da venda dos FX-2 (caças americanos fabricados pela Boeing) para os EUA, e se os encontros entre o (Conselheiro de Segurança Nacional) general (James) Jones e seus homólogos no Brasil forem bem, retomará o tema com Obama. Mas ele não oferece garantias quanto à venda", ponderou o diplomata.

Na semana passada, o WikiLeaks já havia revelado que o presidente Lula chegou, em 2005, a oferecer apoio a uma entidade de oposição ao presidente Hugo Chávez para garantir a venda de aviões brasileiros à Venezuela. Em troca do consentimento de Washington, o Brasil apoiaria a ONG Súmate, mas a proposta foi recusada pelos EUA. O telegrama foi divulgado pelo WikiLeaks e pelo jornal francês "Le Monde".

Fonte: O Globo

EUA viam futuro governo Lula mais perto de Washington que de Havana