No encontro de despedida do embaixador Clifford Sobel em Brasília, no ano passado, Lula afirmou que os EUA facilitaram a venda de aviões na América do Sul para a Rússia e a China, desfavorecendo o Brasil. Enquanto os americanos facilitavam a vida dos "de fora", os franceses abriam vantagem com Lula.
"Lula contou-me que sua visão é a de que o Brasil torne-se a quinta maior economia do mundo em uma década. O presidente da França, (Nicolas) Sarkozy, compreende isso, ele disse, e ofereceu construir seus caças no Brasil. Em oposição a isso, os EUA se recusam a permitir que o Brasil venda os Super Tucanos à Venezuela, abrindo a porta à influência externa, China e Rússia, aqui", escreveu o embaixador ao Departamento de Estado americano, em 31 de julho de 2009, num de seus últimos documentos sobre o Brasil.
"O Brasil precisa dos instrumentos para lidar com os vizinhos, disse Lula. Se a Bolívia quer os Super Tucanos, Lula precisa ser capaz de vender. O Brasil não pode permitir o tipo de embaraços como o causado pela incapacidade de vender os Super Tucanos à Venezuela.
Lula disse que entende a importância da venda dos FX-2 (caças americanos fabricados pela Boeing) para os EUA, e se os encontros entre o (Conselheiro de Segurança Nacional) general (James) Jones e seus homólogos no Brasil forem bem, retomará o tema com Obama. Mas ele não oferece garantias quanto à venda", ponderou o diplomata.
Na semana passada, o WikiLeaks já havia revelado que o presidente Lula chegou, em 2005, a oferecer apoio a uma entidade de oposição ao presidente Hugo Chávez para garantir a venda de aviões brasileiros à Venezuela. Em troca do consentimento de Washington, o Brasil apoiaria a ONG Súmate, mas a proposta foi recusada pelos EUA. O telegrama foi divulgado pelo WikiLeaks e pelo jornal francês "Le Monde".
Fonte: O Globo
EUA viam futuro governo Lula mais perto de Washington que de Havana
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