Pelo compromisso do governo brasileiro, o Vant faria sobrevoos para mapear as áreas de produção de drogas e, depois de concluído o trabalho, entregaria todos os documentos (fotos, filmes e relatórios) ao governo de cada país alvo da operação. As autoridades de segurança desses países decidiriam a melhor forma de enfrentar o narcotráfico. Poderiam planejar operações policiais próprias ou participar de esforços conjuntos
com a Polícia Federal brasileira nas áreas de fronteira.
Os governos de Uruguai, Paraguai e Bolívia aceitaram discutir os termos do acordo. O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, já tratou do assunto com os presidentes do Uruguai, José Mujica, e do Paraguai, Fernando Lugo. Segundo Barreto, eles se mostraram receptivos à ideia.
Autoridades da Bolívia, com quem Barreto se reúne nesta segunda-feira, também veem com simpatia a ideia de compartilhar o Vant. Mas a Colômbia, que está sob forte influência do governo americano, rejeitou inicialmente a proposta. Barreto ainda tem esperança de ter a Colômbia como aliada.
O uso dos Vants no Brasil e no exterior faz parte de uma grande iniciativa que a presidente eleita, Dilma Rousseff, deve lançar logo no início de seu governo para tentar fechar as fronteiras brasileiras ao narcotráfico e ao contrabando de armas. A vulnerabilidade das fronteiras foi um dos temas mais explorados na campanha eleitoral. O candidato tucano, José Serra, chegou a acusar o presidente da Bolívia, Evo Morales, e o governo brasileiro de afrouxar o controle do narcotráfico. Em resposta às críticas, Dilma anunciou a compra dos Vants.
- O sistema Vant é hoje a menina dos olhos da segurança pública - disse Barreto.
Desenvolvido como uma arma de guerra das Forças Armadas de Israel, o avião não tripulado será usado pela primeira vez no combate ao narcotráfico. Com um sofisticado conjunto de câmeras e radares, ele permite a produção de imagens aéreas de pessoas ou objetos à distância.
É possível, por exemplo, filmar um pacote de um quilo de cocaína voando a 11 mil pés (aproximadamente 10 quilômetros) de altitude. As imagens são transmitidas em tempo real para a base de operações do avião e para monitores manuais.
- Numa operação como a do Rio, em que os criminosos foram flagrados pelo Globocop (o helicóptero da TV Globo), a gente poderia fazer imagens ainda mais precisas. Poderíamos identificar os criminosos, ver cada barraco em que eles estavam entrando e saber que tipo de armas tinham em mãos. E, diferentemente do Globocop, poderíamos fazer tudo isso sem sermos vistos - diz um dos policiais que está à frente do projeto.
As imagens podem ser feitas inclusive à noite. O avião tem capacidade para operar durante 36 horas seguidas, e pode cobrir uma área de até 1.600 quilômetros. O projeto, orçado em aproximadamente R$ 800 milhões, prevê a compra de 14 aviões e a instalação de cinco bases em áreas de fronteira e uma em Brasília.
Os equipamentos serão importados de uma empresa de Israel. O primeiro conjunto, composto por três aviões e uma unidade de controle de solo, deve chegar ao Brasil até o início de janeiro. Uma equipe de policiais federais vai a Israel quarta-feira para acompanhar a entrega dos equipamentos.
Fonte: O Globo
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