O Ministério de Relações Exteriores informou nesta quarta-feira que as autoridades da Líbia autorizaram a aterrissagem de cinco voos fretados para o resgate de brasileiros que estão na capital, Trípoli. A maior parte das pessoas que poderão deixar o país norte-africano é composta de funcionários da empreiteira Odebrecht, que realiza obras em território líbio, e seus familiares. Os vôos pousarão na cidade entre esta quarta e esta quinta-feiras.
Nesta tarde, um navio deixou o Porto de Pireu, em Atenas (Grécia), com destino a Benghazi - segunda maior cidade da Líbia e um dos principais focos de protestos populares - para resgatar um grupo de 148 brasileiros e cidadãos de outras nacionalidades, entre as quais espanhóis, portugueses e um tunisiano.
"O Ministério das Relações Exteriores, por intermédio da Embaixada do Brasil na Líbia, e em estreita coordenação com as empresas brasileiras com funcionários na Líbia, continua trabalhando para viabilizar, no menor tempo possível, a evacuação de cidadãos brasileiros que se encontram nas cidades de Trípoli e Benghazi", disse o Itamaraty, em nota.
Desde o início dos protestos, o embaixador brasileiro na Líbia, George Ney de Souza Fernandes, negocia com a representação diplomática do país norte-africano a expedição de vistos de saída e a consequente retirada de brasileiros da região.
A maior parte dos brasileiros trabalham nas empreiteiras Queiroz Galvão e Odebrecht, que desenvolvem obras no país. Os familiares dos engenheiros, incluindo crianças, devem deixar a Líbia assim que forem liberados os vistos de saída. Alguns profissionais decidiram permanecer no País e enviar apenas esposas e filhos de volta.
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.
Fonte: Terra
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