Cada vez que o governo entra nesta verdadeira guerra cambial, amplia a reserva de dólares do País. Mas para manter essa reserva, estimada em US 300 bilhões, são gastos outros US$ 30 bilhões, ou R$ 50 bilhões ao ano, segundo cálculos de Márcio Garcia, economista e engenheiro, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Cinqüenta bilhões de reais é tanto dinheiro que escapa do nosso senso comum. Por isso, é interessante que façamos algumas comparações.
Se fizermos as contas, significa que gastamos a metade do que investimos na educação básica de todos os brasileiros para manter as reservas forçadas de “verdinhas”. Uma tática arcaica que o governo brasileiro tem se utilizado nos últimos anos para não deixar despencar de vez a cotação do dólar e acabar comprometendo as exportações.
Sigamos com outras informações, só para adequarmos esta imensa quantidade de bilhões de dólares ao nosso cotidiano.
Acreditamos ter avançado nossa tese que gastamos dinheiro demais para segurar a cotação do dólar, que chega aqui atraído pelos juros mais altos do mundo. Os especuladores conseguem dólares a juros baixos no Exterior e os investem, praticamente sem riscos, em nossa ciranda financeira, onde ganham, às custas do povo brasileiro, lucros astronômicos.
Na outra ponta, os 300 bilhões de dólares acumulados pelo governo brasileiro têm uma rentabilidade irrisória. Imaginem que, segundo cálculos de economistas renomados, tal rentabilidade chegou a cair à média de 1,12% ao ano (0,83% em 2009 e 1,41% em 2010) nos últimos dois anos.
Ao apresentarmos esse cenário fica claro que a saída é repensar o atual modelo de guerra cambial em que o Brasil acabou sendo envolvido. Até porque mantermos essas reservas de dólares nas alturas só favorece a entrada de dólares no país e a conseqüente desvalorização do real. Isto porque quanto mais reservas, menor é a percepção de risco e maior o incentivo à entrada de dólares,exatamente o que o governo quer evitar.
Temos de filtrar esses investimentos estrangeiros e esse volume de dólares que aqui chegam. Temos de pensar numa política de aceleração do crescimento que tragam investimentos para o verdadeiro desenvolvimento. E isto, com certeza, só conseguiremos investindo muitos esses dólares em educação, qualificação profissional e pesquisa.
Por Lourenço Prado, presidente da Contec – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito. - Via: Bagarai
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