O primeiro sinal de que houve mudança de rumo foi a inclusão nas negociações do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. As discussões envolvem desde a abertura do mercado americano para o etanol brasileiro até o apoio ao sonho de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Até então favoritos do governo, os caças franceses Rafale perderam terreno com a suspensão da compra. Por outro lado, a aproximação cada vez maior do Planalto com os EUA vem sensibilizando Dilma. Os dois países se opõem justamente à França no G-20. Como são grandes produtores de produtos básicos, como vegetais e minérios, Brasil e EUA estão juntos na luta contra o controle de preço das commodities. Esse alinhamento se tornou ainda mais robusto após as audiências concedidas por Dilma ao senador John McCain, defensor da indústria bélica americana, e do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner. A parceria pode se ampliar com a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, em março.
– Esses movimentos representam sinais de boa vontade dos dois países, selando um acordo comercial. Em troca, o Brasil poderia comprar os caças americanos. É simbólico – diz um interlocutor de Pimentel.
Os obstáculos para a compra dos F-18 da Boeing, porém, são justamente o pacote que envolve a transferência de tecnologia. Embora a Casa Branca garanta que alguns componentes críticos possam ser fabricados no Brasil – algo então inédito –, qualquer acordo bilateral precisaria de chancela do Congresso americano.
– Os americanos não são confiáveis. Eles vêm com promessas, mas depois não cumprem – diz um brigadeiro.
Nos hangares da FAB, o supersônico preferido é o sueco Gripen. O diretor da fabricante Saab no Brasil, Bengt Janér, se diz tranquilo se a disposição do Brasil for prover o país de tecnologia militar de ponta e investir na fabricação de um caça junto com a Embraer.
– A nossa plataforma é consagrada em cinco países e tornaria o Brasil independente nessa tecnologia militar. Mas não temos a mesma força política e comercial – admite Janér.
Fonte: Zero Hora, via CAVOK
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