De acordo com a chancelaria argentina, o país formulará uma queixa e investigará os motivos pelos quais o Departamento de Estado norte-americano tentou violar as leis do país com o envio de material não declarado. Por sua vez, o Departamento de Estado norte-americano nega irregularidades.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores da Argentina, o avião cargueiro C-17 Globemaster III norte-americano trazia materiais que seriam utilizados em um treinamento para o resgate de reféns oferecido pelo governo dos Estados Unidos ao Grupo Especial de Operações Especiais da Polícia Federal Argentina (GEOF).
Os itens apreendidos, no entanto, não foram declarados pela embaixada americana na especificação do material que seria utilizado no curso. “Uma vez que a alfândega realizou a verificação da carga” com os devidos critérios que se exige para um “material classificado como de guerra”, “foi descoberto que boa parte da carga não figurava na lista de ‘boa fé’ fornecida pela embaixada”, informou a chancelaria.
Entre os itens confiscados estão: material para interceptar comunicações, vários GPS, equipamentos tecnológicos com mensagens secretas codificadas e um baú com muitos remédios vencidos, entre eles morfina. Ao todo, a carga que não coincide com o material declarado pela Embaixada dos Estados Unidos, ocupava um volume de 28 m3.
A chancelaria argentina afirmou que o subsecretário de Estado norte-americano para a América Latina, Arturo Valenzuela, entrou em contato neste sábado (12/2) com o ministro de Relações Exteriores do país, Héctor Timerman, para “resolver a situação” e manifestar “a preocupação do Departamento de Defesa” dos Estados Unidos, “frente à apreensão dos elementos”.
A resposta de Timerman, no entanto, teria sido que as leis argentinas “devem ser cumpridas por todos, sem exceções”. Segundo a chancelaria, o ministro também teria dito também que seu país formulará uma queixa, além de um pedido de colaboração na investigação sobre os motivos pelos quais a Força Aérea norte-americana tentou violar as leis argentinas com o envio de material camuflado dentro de um carregamento oficial.
A porta-voz do Departamento de Estado, Virginia Staab, no entanto, desmentiu a versão argentina sobre o ocorrido. “Na tarde de 10 de fevereiro, um avião militar dos Estados Unidos que levava especialistas e equipamentos de treinamento aterrissou no aeroporto argentino de Ezeiza, previamente autorizado e aprovado pelo governo da Argentina", afirmou em comunicado.
De acordo com o documento, a visita era “parte de contínua cooperação [dos EUA] com a Argentina na segurança cidadã” e foi “completamente coordenada e aprovada” pelos ministérios de Segurança e de Relações Exteriores argentinos. “Por mais que o carregamento tenha sido devidamente manifestado em conformidade com discussões e acordos prévios, inesperadamente as autoridades argentinas começaram uma busca prolongada e detalhada do carregamento do avião, confiscando certos artigos”.
Segundo o comunicado, o treinamento foi cancelado e o avião da Força Aérea deixou o país. "Estamos procurando explicações do governo da Argentina sobre esta questão, dado que qualquer inquietude poderia ser resolvida através de canais diplomáticos normais", expressa o documento, que afirma exigir a “devolução imediata de todos os itens confiscados pelo governo da Argentina".
A chancelaria argentina informou que esta não foi a primeira vez que os Estados Unidos tentou entrar no país com um carregamento de armas não declarados à alfândega. Em agosto de 2010, as autoridades argentinas já advertiram a embaixada norte-americana em Buenos Aires sobre o desrespeito às leis alfandegárias. “Naquela ocasião, permitimos a retirada do material não declarado do país, já que os mesmos não haviam sido descarregados do avião militar”, afirma em comunicado.
Segundo o ministério de Relações Exteriores argentino, autoridades norte-americanas consultadas se negaram a informar as razões da tentativa de envio de material não declarado ao país, bem como sua utilização em território sul-americano.
Fonte: Opera Mundi
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