Em meio a confrontos violentos e bombardeios ao polo petroquímico de Ras Lanuf, o governo líbio parece ter cedido nesta quarta-feira aos meios diplomáticos e enviou emissários para reuniões no Cairo, com líderes do vizinho Egito, e em Bruxelas, com líderes da União Europeia e Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O ministro italiano, Franco Frattini, afirmou que as reuniões em Bruxelas devem acontecer nos próximos dois dias. "Duas aeronaves do regime líbio parecem ter deixado a Líbia rumo a Bruxelas com a intenção de enviar emissários de Gaddafi para se encontrarem com representantes que participarão das reuniões da UE e da Otan amanhã e no próximo dia", disse o ministro, em referências à cúpula da UE e da aliança atlântica sobre a crise líbia.

Frattini não deu mais detalhes sobre a reunião, e um porta-voz da chancelaria italiana afirmou que ele não tem mais informações sobre os voos do que já havia sido reportado na imprensa.

O ministro afirmou, contudo, que as visitas ao Cairo e Bruxelas sugerem que a situação está muito fluida e alertou contra qualquer ação prematura. "Eu não sei com quem eles vão se encontrar em Bruxelas, mas estes movimentos são um gesto que devemos considerar", disse.

Mais cedo, um funcionário de Malta afirmou que um dos emissários líbios chegou na ilha para conversar com as autoridades locais e seguiu para Portugal. Lisboa não confirmou a viagem, mas as agências de notícias dizem que o avião levava um membro moderado do governo de Gaddafi para conversar com o chanceler português, Luis Amado.

A rede de TV Al Jazeera afirma que o premiê do Egito, Essam Sharaf, já se reuniu com um representante do governo líbio que voou ao país em um jato privado. O general Abdulrahman bin Ali Al Saiid Al Zawi, membro do círculo íntimo do ditador Muammar Gaddafi, teria chegado ao Cairo com uma mensagem de Gaddafi ao governo do país vizinho.

O general Zawi é responsável por questões de logística e abastecimento das Forças Armadas líbias. Trípoli não confirmou a visita ou a missão do general no Cairo, mas fontes da embaixada dizem que ele leva uma mensagem do ditador Gaddafi.

Não houve contato público entre o regime líbio e os generais que assumiram o poder no Egito após a queda do ditador Hosni Mubarak.

A Al Jazeera afirmou que outros dois jatos privados da família Gaddafi passaram pelo espaço aéreo europeu com destino a Viena e Atenas. Sem saber quem estava dentro dos jatos, a notícia levou a especulações de que o próprio ditador teria deixado o país.

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Roberto Maroni, ministro do Interior Itália, disse que "a intervenção militar na Líbia significaria uma Terceira Guerra Mundial", aparentemente referindo-se a relatos de postura pelo Estados Unidos, Grã-Bretanha e da OTAN. Entrevistado pelo jornal La Padania, em 8 de março, Maroni falou sobre o relatório sobre as revoltas que ocorrem na região do Magrebe, incluindo a Líbia e a Tunísia. Disse o ministro: "A ação militar forte, em especial por parte dos EUA, não faria nada mais do que aglutinar os árabes de outros estados e as conseqüências seriam devastadoras". - Fonte: Energy Publisher - Via Sempre em Guerra

DIPLOMACIA E REVOLTA

A comunidade internacional se mobiliza para aprovar no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) a proposta de criar uma zona de exclusão aérea na Líbia, que impediria a Força Aérea leal a Gaddafi de bombardear os rebeldes.

Gaddafi reagiu duramente e alertou, em entrevista ao canal de notícias estatal da Turquia TRT, que o povo líbio lutará contra as potências do Ocidente se elas tentarem impor a medida.

O Reino Unido e os Estados Unidos discutiram uma zona de exclusão do espaço aéreo com apoio internacional, caso Gaddafi se recuse a renunciar após a revolta popular que irrompeu em meados de fevereiro.

"Se eles tomarem tal decisão será útil para a Líbia, porque o povo líbio verá a verdade, que o que eles querem é controlar a Líbia e roubar nosso petróleo", disse Gaddafi.

'O povo líbio vai se preparar para lutar contra eles', disse Gaddafi. A entrevista foi realizada em árabe, com legendas em turco.

O presidente norte-americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, concordaram durante uma conversa telefônica em "seguir adiante com o planejamento, incluindo a Otan, para todo o espectro de respostas possíveis, incluindo a vigilância, assistência humanitária, a imposição de um embargo de armas, e uma zona de exclusão aérea".

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deixou claro que Washington acredita que qualquer decisão para impor uma zona de exclusão aérea sobre o país seria um assunto da ONU e não uma iniciativa liderada pelos EUA.

Fonte: UOL