As caixas-pretas do voo 447 da Air France, que fazia o trajeto Rio-Paris e desapareceu dos radares em 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo, já teriam sido localizadas pela companhia, segundo informou o presidente da Associação das Famílias e Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Faria Marinho ao UOL Notícias.

Marinho participou de uma reunião com diretores da Air France, autoridades do governo francês e outros familiares dos passageiros – pessoas de 32 nacionalidades estavam a bordo do avião –, em Paris, e disse que as caixas-pretas estariam na cauda da aeronave, já localizada pela equipe de buscas.

Assim que as caixas-pretas forem retiradas, começa uma nova batalha entre familiares, a Air France e o governo francês: o local onde as caixas-pretas serão analisadas. Nelson defende que elas sejam levadas para os Estados Unidos, por ser um território neutro, mas enfrenta forte resistência do governo francês e da própria companhia estatal.

O presidente da Associação das Famílias e Vítimas do Voo 447 solicitou por meio da Secretaria Nacional de Articulação Social uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para pedir que o Brasil se pronuncie oficialmente sobre o assunto.

“O governo brasileiro está nos apoiando, mas ainda não fez nenhuma declaração oficial sobre isso [a análise das caixas-pretas], o que é usado como justificativa pelo governo francês para levar as caixas-pretas para a França”, disse Nelson.

No último dia 3, corpos de passageiros que estavam no avião foram encontrados dentro de fuselagem achada no oceano Atlântico. Segundo Marinho, a operação para retirar os corpos e os destroços encontrados no mar deve começar em até três semanas e se estenderá até junho.



Trem de pouso do avião acidentado
Foto divulgada pelo BEA mostra uma das turbinas

Foto de turbina danificada


Imagem de sonar mostra local em que foram encontrados os destroços

Destroços do trem de pouso

Destroços da fuselagem e de uma das asas



Marinho, que perdeu o filho Nelson no acidente, reclama que o governo francês “está fechado” e limitando a participação dos familiares e as informações divulgadas. “Foi negado ver até as fotos dos corpos resgatados”, diz ele.

“O governo francês negou a presença de um observador da associação para acompanhar as buscas e o resgate dos destroços, justificando que a justiça francesa não permite isso, e também negou um pedido do governo brasileiro para que um diplomata do país na França me acompanhasse na reunião”, disse Nelson.

Segundo ele, há uma forte resistência do BEA [sigla em francês do Escritório de Investigações e Análises sobre Aviação Civil] para liberar a participação de um “observador” nos resgates dos corpos e dos destroços do avião.

“Esperava uma consideração maior, afinal, Brasil e França são países amigos e de boas relações”, disse.

Fonte: UOL