O descontentamento que reina na Europa face aos Governos nacionais e às instituições europeias, num continente «dominado pela Alemanha de Merkel», pode levar à decadência e possível desagregação da UE, afirma Mário Soares.
«Se a Europa não percebe o descontentamento que reina em todo o lado, contra os Governos nacionais e as instituições europeias e a distância que os separa dos seus povos, é indubitável que nos encaminhamos para a decadência da UE, num mundo em transformação, e para a sua possível desagregação», escreve num artigo publicado no El País.
Mário Soares considera que «a igualdade e a solidariedade entre os estados desapareceu» com todos «mais ou menos dominados pela Alemanha da chanceler Merkel», que «se esqueceu do que a Alemanha deve à Comunidade Europeia».
Considerando-se «dona da Europa» e «apoiada pelo seu servil aliado, o presidente Sarkozy», leva a que a economia e as finanças dominem tudo, com o BCE e os bancos alemães, «ainda que não exclusivamente», a «paralisar uma Europa de cidadãos, uma Europa política, de tipo federal».
No artigo, intitulado «Portugal e Espanha no contexto europeu», o ex-presidente da República recorda que apenas três países são governados por Governos socialistas (demissionário no caso português) e que todos são do sul, com um peso «mais marcado pela história e pelo que representam» do que pelo dinheiro.
«Não são coisas de pouca monta, mas os economistas, como só vêem o dinheiro, esquecem-se do resto. E talvez por isso se enganem tantas vezes», escreve.
«Os três Estados (Grécia, Espanha e Portugal) poderiam ter-se oposto às exigências de uma Alemanha que os lançava para uma recessão inaceitável. Mas não tiveram coragem para o fazer», sublinha.
Afirmando que as instituições europeias continuam «sem compreender bem» a crise económica, Soares sustenta que «o neoliberalismo, como ideologia, está esgotado, como aconteceu há 20 anos com o comunismo».
E, por não reconhecerem isso, não notam que, «além da redução do défice, é necessário procurar reduzir o desemprego, as tremendas desigualdades sociais» e «procurar um novo paradigma de desenvolvimento».
Se esses problemas não se resolvem, considera Soares, «a crise conduzirá a rupturas que podem ser violentas e perigosas».
Fonte: TVI24
«Se a Europa não percebe o descontentamento que reina em todo o lado, contra os Governos nacionais e as instituições europeias e a distância que os separa dos seus povos, é indubitável que nos encaminhamos para a decadência da UE, num mundo em transformação, e para a sua possível desagregação», escreve num artigo publicado no El País.
Mário Soares considera que «a igualdade e a solidariedade entre os estados desapareceu» com todos «mais ou menos dominados pela Alemanha da chanceler Merkel», que «se esqueceu do que a Alemanha deve à Comunidade Europeia».
Considerando-se «dona da Europa» e «apoiada pelo seu servil aliado, o presidente Sarkozy», leva a que a economia e as finanças dominem tudo, com o BCE e os bancos alemães, «ainda que não exclusivamente», a «paralisar uma Europa de cidadãos, uma Europa política, de tipo federal».
No artigo, intitulado «Portugal e Espanha no contexto europeu», o ex-presidente da República recorda que apenas três países são governados por Governos socialistas (demissionário no caso português) e que todos são do sul, com um peso «mais marcado pela história e pelo que representam» do que pelo dinheiro.
«Não são coisas de pouca monta, mas os economistas, como só vêem o dinheiro, esquecem-se do resto. E talvez por isso se enganem tantas vezes», escreve.
«Os três Estados (Grécia, Espanha e Portugal) poderiam ter-se oposto às exigências de uma Alemanha que os lançava para uma recessão inaceitável. Mas não tiveram coragem para o fazer», sublinha.
Afirmando que as instituições europeias continuam «sem compreender bem» a crise económica, Soares sustenta que «o neoliberalismo, como ideologia, está esgotado, como aconteceu há 20 anos com o comunismo».
E, por não reconhecerem isso, não notam que, «além da redução do défice, é necessário procurar reduzir o desemprego, as tremendas desigualdades sociais» e «procurar um novo paradigma de desenvolvimento».
Se esses problemas não se resolvem, considera Soares, «a crise conduzirá a rupturas que podem ser violentas e perigosas».
Fonte: TVI24
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