O ex-ministro das Relações Exteriores da França Bernard Kouchner insinua que o governo brasileiro não cumpriu sua parte no suposto entendimento estabelecido entre os dois países para a compra de aviões. 'Nós estamos fazendo nossa parte com os aviões da Embraer', disse ele ao Estado.

Em setembro de 2009, Kouchner acompanhou o presidente francês Nicolas Sarkozy na visita ao Brasil. Durante a viagem, foi negociado um acordo militar de R$ 22,5 bilhões. Ali começaram, também, as negociações para a compra de 36 caças Rafale da França.

Em contrapartida, Paris indicou que adquiriria dez unidades da KC-390, futura aeronave de transporte militar e reabastecimento aéreo da Embraer. 'Nós compramos os aviões da Embraer', insistiu Kouchner. Ele admitiu que o ex-presidente Lula não fechou a compra dos Rafale naquele momento. 'Ele disse que a decisão seria tomada depois das eleições presidenciais no Brasil em 2010', explicou.

A expectativa da França era de que, com a vitória de Dilma Rousseff, o acordo fosse acelerado. Isso não ocorreu e o novo governo já indicou que a decisão deve ficar para 2012. Um dos obstáculos é o preço dos jatos franceses, mais elevado que o de seus concorrentes, dos EUA e da Suécia. 'O Rafale é um avião muito bom. Uma questão é o preço. Mas é muito bom. É uma pena. Vamos ver o que ocorre', disse, em tom de resignação.

Em 2009, a decisão sobre os aviões parecia ser um desfecho para a novela que se arrastava desde 2001. Lula teria indicado sua preferência pelo Rafale, em detrimento do F-18 (EUA) e do Gripen (Suécia). No comunicado emitido ao fim do encontro entre Lula e Sarkozy, era anunciada 'a decisão da parte brasileira de entrar em negociações com o GIE Rafale para a aquisição de 36 aviões'.

A Dassault, fabricante do caça, chegou a comemorar o acordo e indicou que tudo poderia estar acertado até 2010. Sarkozy, naquele momento, retornava a Paris com o que pensava ser uma grande vitória diplomática. 'O Rafale será desenvolvido em comum acordo com nossos amigos brasileiros. Trata-se de uma escolha extremamente precisa e importante', disse, na época.

Fonte: Estadão - Via MSN