Investigadores do acidente com o voo 447, da Air France, conseguiram com sucesso recuperar todas as informações capturadas no gravador localizado nas caixas-pretas da aeronave, informaram hoje funcionários, segundo o jornal The Wall Street Journal. O voo partiu do Rio de Janeiro no dia 31 de junho de 2009 e seguiria até Paris, porém caiu no Oceano Atlântico. Todas as 228 pessoas a bordo morreram.
Uma equipe internacional liderada por especialistas franceses revisou durante o fim de semana as gravações de voz e outros dados do acidente, informou em comunicado o Escritório de Investigações e Análise para a Aviação Civil (BEA, na sigla em francês).
O BEA afirmou que a equipe coletou "todos os dados" gravados no voo e "toda a gravação das duas últimas horas de voo" na cabine de pilotagem. O escritório acrescentou que "todos esses dados irão agora passar por uma detalhada análise". Essa análise levará "várias semanas", quando então será escrito um relatório parcial, a ser divulgado no verão boreal, segundo o BEA.
O Airbus A330 foi o primeiro grande avião comercial a desaparecer no meio de um voo em décadas. O acidente é o mais importante em anos a ficar sem explicação por tanto tempo. O caso levou a uma investigação criminal na França, e as autoridades francesas mostram bastante cautela ao tratar do caso.
A gravação do avião estava em excelente condição e mostrava quase nenhuma corrosão de água do mar nem tinha outros tipos de dano, segundo uma pessoa familiarizada com a investigação, apesar das caixas-pretas terem ficado quase dois anos no fundo do mar.
O gravador dos dados do voo foi projetado para capturar várias centenas de diferentes parâmetros, das operações no motor a movimentos no controle de voo, além de comandos gerados por computador e mudanças em vários sistemas automáticos. Ele foi encontrado recentemente por um robô que realiza buscas na água e chegou à França na semana passada.
O gravador de vozes no cockpit, segundo uma fonte, sofreu pequenos danos e exigiu maiores esforços dos investigadores para a recuperação dos dados. Nas próximas semanas e meses, investigadores irão editar diferentes partes das gravações para montar uma linha do tempo dos diálogos até o acidente, que até agora confunde especialistas.
Nunca as gravações digitais de um avião haviam sido encontradas em local tão profundo (quase quatro mil metros), depois de tanto tempo de um acidente. No mês passado foram encontrados destroços da aeronave, na quarta tentativa para isso.
A causa do acidente ainda é desconhecida, apesar de mensagens automáticas enviadas dos computadores de bordo pouco antes do acidente revelarem problemas nos sensores de controle da velocidade do avião. Também foram registrados vários problemas em sistemas e a perda do controle da aeronave pelos pilotos.
Fonte: Estadão
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