Às vésperas de completar dois anos da queda do vôo da Air France AF 447 Rio-Paris - que desapareceu no dia 31 de maio depois de cair no Oceano Atlântico, na região do arquipélago de Fernando de Noronha, matando 228 pessoas – as duas caixas-pretas do avião contendo os dados que poderão determinar as causas do acidente chegaram nesta manhã a Paris, vindas da Guiana Francesa.
A partir desta tarde, elas serão analisadas pelos técnicos do órgão estatal Escritório de Investigação e Análise sobre a Aviação Civil (BEA, na sigla em Francês) da Air France e da KLM. Ainda estarão presentes um oficial da polícia judiciária francesa e o coronel Luís Cláudio Lupoli, representante da FAB nas investigações. Até o final de semana, os investigadores saberão se os dados contidos no equipamento foram preservados. O relatório final sobre as causas do acidente está previsto para 2012.
Provas-chaves da investigação judicial, as caixas-pretas contêm mil e trezentos dados que foram gravados durante 25 horas, incluindo a velocidade, altitude, o funcionamento dos motores e do piloto automático. ''Foi um momento de grande emoção no navio quando anunciaram a identificação das caixas'', contou Lupoli. Conservada em água doce desde segunda-feira, quando foram encontradas a 4 km de profundidade, elas estão sendo abertas e submetidas a uma análise detalhada que deve ser concluída domingo.
As circunstâncias do acidente do vôo 447 não poderão ser determinadas com exatidão antes da transcrição completa destas caixas, que foi o grande centro das atenções na coletiva organizada esta manhã pelo BEA em Bourget, nos arredores de Paris. Os investigadores informaram que as caixas estão em bom estado, mas ainda não sabem dizer se todos os dados poderão ser explorados.
A análise
Troadec explicou que no melhor dos casos, algumas partes da transcrição dos diálogos poderão ser divulgadas antes da publicação do relatório final, desde que estas transcrições não comprometam a continuidade da investigação.
“As famílias das vítimas serão as primeiras a serem informadas”, assegurou Jean-Paul Troadec, diretor da BEA. “Como viemos fazendo até agora, enviaremos emails às famílias cadastradas e em seguida, cerca de 30 minutos depois, divulgamos à imprensa”.
Sobre a investigação judicial, Quintard explicou que nenhuma conclusão será apresentada antes de 2012 e que a atribuição de responsabilidade pelo acidente, só poderá ser realizada depois de terminadas as análises técnicas.
A operação de retirada dos destroços do avião será pausada nesta sexta-feira, quando o barco retornará à Dakar para trocar de equipe. Mas ainda no final de semana, o barco retorna a alto-mar e seguirá as buscas até junho.
Os investigadores sublinharam que as caixas estão em bom estado, mas ainda não sabem dizer se todos os dados poderão ser explorados. Tudo dependerá da oxidação presente no material que pode alterar parte dos dados armazenados.
Se os microchips internos que contêm os parâmetros técnicos do vôo, como velocidade, altitude, funcionamento dos motores, piloto automático e o diálogo dos pilotos, não tiverem sofrido algum tipo de dano, os investigadores poderão levar semanas para recuperar as informações.
Neste caso, será necessário reconstituir o conjunto de dados, acessando cada um dos cartões de memória por meio de procedimentos mais delicados. O relatório final sobre as causas do acidente é previsto para 2012.
Identificação dos corpos
A identificação dos corpos que foram retirados do fundo do mar não é prioridade no momento. ''Não são os corpos que contarão sobre o choque'' com esta frase Jean Quintard, procurador-adjunto da República quis dizer que o resgate e a análise dos corpos não são prioridade. No momento, os dois corpos retirados do fundo do mar estão sendo analisados em laboratório para avaliar a possibilidade de leitura do DNA.
Até quarta-feira, os especialistas poderão confirmar se os corpos puderam ser identificados. Caso o DNA possa ser lido, será dado o aval para o resgate dos demais corpos no fundo do mar, que poderá ser realizado em paralelo à retirada dos destroços do avião. No entanto, se a degradação dos corpos – que permaneceram 2 anos submersos – impedir a análise de DNA, as buscas pelos outros 226 corpos será anulada.
"As famílias das vítimas serão as primeiras a serem informadas", assegurou Jean-Paul Troadec, diretor da BEA. "Como viemos fazendo até agora, enviaremos emails às famílias cadastradas e em seguida, cerca de 30 minutos depois, divulgamos à imprensa."
Fonte: IG
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