As tropas do ditador líbio, Muammar Gaddafi, continuaram neste domingo com a ofensiva em todas as frentes abertas na guerra do país, segundo a TV "Al Jazeera". A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) bombardeou vários alvos em diferentes áreas do país.

As forças do regime lançaram no sábado um ataque contra a cidade de Jalu, no deserto ao sudeste da Líbia, cujo controle é disputado há dias pelos rebeldes e as tropas de Gaddafi.

Abdel Hafid Ghoga, vice-presidente do CNT (Conselho Nacional Transitório), principal órgão dirigente dos insurgentes, afirmou que Jalu, assim como os demais oásis da região sudeste continua nas mãos dos insurgentes, embora as tropas governamentais tenham tentado repetidamente tomá-las.

Ghoga informou no sábado o uso de helicópteros pelos homens de Gaddafi na cidade de Misrata, posteriormente confirmado pela Otan, o que viola a zona de "exclusão aérea" imposta sobre a Líbia pela resolução 1973 da ONU.

Afirmou ainda que os rebeldes, tanto o exército formado no leste da Líbia como os civis, que pegaram em armas, têm a capacidade para lutar em todas as frentes abertas na Líbia.

Conforme o canal estatal "Jamahiriya", a aliança atacou alvos em duas localidades ao oeste do país e Misrata, única grande cidade nas mãos dos rebeldes na zona ocidental do país.

Os aviões da aliança atacaram posições de Gaddafi perto da localidade de Zintan, como indicou neste domingo "Al Jazeera", sem oferecer mais detalhes.


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ATAQUES

No sábado, forças do governo líbio bombardearam grandes tanques de depósito de combustível na cidade de Misrata, no oeste do país, causando um grande incêndio.

O bombardeio ocorreu depois que salvas de artilharia disparadas pelas forças leais a Muammar Gaddafi caíram na Tunísia, caracterizando um aumento nos combates entre soldados líbios e rebeldes contrários ao governo perto da fronteira.

Misrata é a última cidade do oeste sob controle rebelde. A região portuária está sitiada há mais de dois meses e testemunhou algumas das batalhas mais sangrentas entre forças leais a Gaddafi e opositores.

Os rebeldes deram informações variadas sobre o bombardeio a Misrata, mas disseram que o ataque, ocorrido à noite e que atingiu combustível para exportação e consumo interno, é um golpe na capacidade rebelde de resistir ao cerco.

"Quatro tanques foram totalmente destruídos e um grande incêndio ocorreu, espalhando-se agora para os outros quatro. Não conseguimos extingui-lo, pois não temos as ferramentas certas", afirmou o porta-voz rebelde Ahmed Hassan.

"Agora a cidade enfrenta um grande problema. Aquelas não eram apenas fontes de combustível para a cidade. Esses tanques poderiam ter mantido a cidade por três meses com suficiente combustível", afirmou o porta-voz por telefone.

Hassan disse que forças do governo usaram pequenos aviões, normalmente utilizados para jogar pesticidas, para realizar o ataque durante a noite em Qasr Ahmed. Mais tarde, ele disse à TV Al-Jazeera que três helicópteros com emblemas do Crescente Vermelho realizaram o ataque.

Outro porta-voz rebelde, que se identificou como Abdelsalam, disse que um helicóptero do governo realizou uma missão de reconhecimento sobre o porto e, duas horas depois, por volta da meia-noite, no horário local, forças governamentais dispararam foguetes e atingiram três tanques de combustível pertencentes à Brega Oil Company.

Rebeldes notificaram a Otan sobre os aviões antes do ataque, mas não houve resposta, afirmou Hassan. No mês passado, forças do governo realizaram pelo menos uma missão de reconhecimento sobre Misrata com um helicóptero, de acordo com rebeldes.

Se for confirmado o uso de aviões pelas tropas governamentais, significaria que estas violaram a zona de exclusão aérea imposta sobre a Líbia pela ONU, com o objetivo de defender à população civil dos bombardeios.

As provisões de água e luz, assim como todo tipo de bens, incluindo alimentos básicos, foram cortados ou estão limitados atualmente, como denunciaram várias organizações humanitárias internacionais.

Os rebeldes e organizações internacionais classificaram de "crítica" e "dramática" a situação que vive a população civil na terceira cidade da Líbia, que continua resistindo como reduto dos insurgentes na zona ocidental do país.

Fonte: BOL