O regime sírio intensificou a repressão das manifestações, assumindo o controlo de várias localidades e prendendo centenas de pessoas, mas a oposição voltou a convocar protestos em todo país para sexta-feira.

As autoridades reprimem os movimentos de protestos de cidade em cidade iniciados em março. Desde então, a repressão causou cerca de 700 mortes, segundo ONGs, e milhares de pessoas foram presas.



Após o anúncio de várias reformas, incluindo o fim do estado de emergência em vigor no país há mais de 50 anos e a preparação de uma nova lei eleitoral, o governo continua a repressão ignorando os apelos da comunidade internacional que hesitam em pedir a saída do presidente Bashar Al-Assad.

Um primo de Assad, Rami Ajiluf, que está na lista dos 13 sírios que a União Europeia impôs sanções, declarou numa entrevista publicada na terça-feira: «nós lutaremos até o fim. Não vamos sair».

Um dia após a morte de 19 civis nas cidades de Deraa, no sul, e Homs, centro, o Exército e os serviços de segurança sírios prenderam hoje dezenas de pessoas em Al-Bayda e Al-Qariri, povoações próximas de Banias, no noroeste do país, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. ,

As detenções continuam também em Banias, cidade que os tanques do Exército invadiram no dia 7 de Maio, «levando os líderes e intelectuais», disse a ONG.

O Exército reforçou nos últimos dias a repressão em várias cidades, como Homs, onde os soldados entraram no dia 6 de Maio, e Banias, onde as autoridades afirmaram ter prendido «grupos de terroristas armados».

Os opositores afirmam que os moradores dessas cidades estão «aterrorizados» e garantem que há muitos «corpos nas ruas» que não são retirados por medo de atiradores de elite.

A repressão atingiu também os subúrbios de Damasco. Num bairro, Muadamiya, sitiado pelos tanques, o Exército prendeu «centenas de pessoas, famílias inteiras», afirmou o chefe da Organização nacional de Direitos Humanos, Amar Qurabi.

«Foi imposto o toque de recolher. O Exército transformou as escolas em centros de detenção e tomou o controlo das mesquitas», relatou Qurabi, acrescentando que outro subúrbio de Damasco, Qatan, também está sitiado e que também foram observados movimentos de tanques a norte de Deraa.

Os poucos jornalistas estrangeiros na Síria não se podem movimentar sem a autorização das autoridades.

Mesmo com a repressão, os manifestantes publicaram uma convocação para uma manifestação na sexta-feira no site «The Syrian Revolution 2011», criado por jovens opositores do regime.