O especialista em crimes eletrônicos e segurança na internet Marcelo Lau, considerado uma das autoridades brasileiras no assunto, disse neste sábado que é possível rastrear os responsáveis pela invasão nas páginas da Presidência da República, de ministérios, da Receita Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Lau, a Polícia Federal (PF) tem instrumentos para identificar os hackers mesmo se eles estiverem no exterior e usando vários computadores.
"Se os hackers estiverem fora do País será um caminho mais longo", disse Lau. "Não existe anonimato absoluto. As máquinas fazem os registros", acrescentou, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, que foi ar neste sábado. Para ele, a PF "está muito bem preparada e equipada".
Na madrugada de sexta, quando hackers invadiram a página do IBGE, um recado atribuído aos invasores indicava que mais ataques ocorreriam no País. "Este mês, o governo vivenciará o maior número de ataques de natureza virtual na sua história feito pelo Fail Shell. Entendam tais ataques como forma de protesto de um grupo nacionalista que deseja fazer do Brasil um país melhor. Tenha orgulho de ser brasileiro, ame o seu país, só assim poderemos crescer e evoluir", dizia a mensagem.
Para Lau, a invasão por hackers não é o caminho ideal para cobrar melhorias ou mostrar que há falhas nos sistemas de segurança dos órgãos ligados ao governo. "Fazer uma invasão desse tipo é expor dados. Não é a melhor maneira de colocar a necessidade de rever a segurança do sistema", disse ele. "Expor deliberadamente alguns tipos de dados é crime", reforçou.
Os hackers fazem acessos de computadores e provedores espalhados no mundo todo, causando a queda da página ou a operação com lentidão. No site da Receita Federal, foram registrados cerca de 300 mil acessos simultâneos - volume que normalmente leva uma hora para ser registrado durante a entrega de declarações do Imposto de Renda.
Entenda o caso
Na quarta-feira (22), sites do governo brasileiro saíram do ar por causa de ataques assumidos pelo LulzSecBrazil, o braço brasileiro de um grupo internacional da hackers. Foram alvo os sites da Presidência da República, do governo federal, da Previdência, da Petrobras e da Receita Federal. Na quinta-feira (23), as páginas da Presidência da República, do Senado e do Ministério dos Esportes sofreram com a ação dos hackers. Eles utilizam o chamado DDoS (sigla em inglês para distributed denial-of-service, ataque distribuído de negação de serviço), que usa robôs (máquinas) em várias partes do mundo para sobrecarregar um sistema. O objetivo dessas ações não é invadir o sistema, mas sim tirar o site do ar.
Fonte: Agencia Brasil - Via Terra
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