As conquistas nas áreas rurais melhoraram o moral dos rebeldes líbios, mas não fizeram oscilar a balança militar contra Muammar Kadafi. Sem ajuda externa maior, o avanço não tem feito pressão suficiente para forçar Kadafi a negociar um acordo de paz confiável ou provocar uma rebelião dos seus simpatizantes em Trípoli.

Ontem, forças leais a Kadafi lançaram um bombardeio pesado contra combatentes rebeldes para tentar desalojá-los de um vilarejo que conquistaram, situado cerca de 100 quilômetros ao sul de Trípoli. A localidade de Al-Qawalish é um estratégico campo de batalha para a investida dos rebeldes rumo à capital. Se eles conseguirem avançar além desse vilarejo chegarão à principal rodovia na parte norte do caminho para Trípoli, a região onde Kadafi tem sua principal base de apoio.

Na semana passada, forças rebeldes capturaram Al-Gualish, ao sul da capital, e outro grupo vindo do leste avançou na direção de Trípoli. A captura de Al-Gualish é importante porque perto está a cidade de Gharyan, que controla a principal rodovia na direção da capital. Nos últimos dias, Gharyan foi atacada por aviões da Otan.

Kadafi ainda controla a capital, está mais bem armado do que seus inimigos em terra, tem muito dinheiro e enfrenta uma aliança às voltas com tensões internas. O avanço rebelde é lento, pois a Otan, liderada por França e Grã-Bretanha, não tem o apoio adequado dos países europeus membros da aliança.

Outra vantagem de Kadafi é a possibilidade de ampliar suas forças de segurança com mercenários sudaneses, conforme denúncia dos líderes rebeldes.


Egito

Enquanto isso, no Egito, país que conseguiu derrubar o ditador Hosni Mubarak, os protestos ganharam novamente as ruas nos últimos dias. Milhares de egípcios saíram de casa para exigir justiça para as vítimas de Mubarak e pressionar o novo comando militar por um plano claro de transição para a democracia. Há crescente frustração entre os egípcios com o fato de pouco ter mudado, cinco meses após a queda de Mubarak.

Os protestos têm ganhado força, enquanto muitos veem uma relutância do comando militar, que assumiu após a queda do ditador, em processar policiais e ex-membros do regime pela morte de quase 900 manifestantes durante o levante popular. Muitos acreditam que os pilares do regime anterior ainda estão presentes, inclusive em setores como o Judiciário, a polícia e o funcionalismo público.

Na semana passada, sete policiais na cidade de Suez foram libertados sob fiança durante julgamento pela morte de manifestantes. A libertação gerou dois dias de protestos de familiares, que acusaram o Judiciário de corrupção.

Fonte: DCI