O ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, se mostrou magoado na manhã desta sexta-feira, dia seguinte de sua saída da pasta. Após fazer uma caminhada próximo de sua casa, em Brasília, ele evitou comentar o caso e se limitou a dizer: "Não sou mais nada. Qualquer coisa, pergunte para a Dilma".

A saída de Nelson Jobim do Ministério da Defesa foi confirmada na noite de quinta-feira após uma reunião entre ele e a presidente Dilma Rousseff. Jobim é o terceiro ministro a deixar o governo. O chanceler Celso Amorim assumiu a pasta.

A saída de Jobim foi avaliada por aliados ao governo como natural, diante do posicionamento que ele adotou, de desferir comentários considerados, no mínimo, constrangedores para o Planalto durante uma entrevista concedida à revista Piauí. Já a oposição critica a saída do ministro. O senador Alvaro Dias disse hoje ao JB que Jobim foi punido por "dizer o que pensa".

O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), disse ao JB que Jobim vinha dando sinais de que queria deixar o governo e, agora, “o copo encheu”. O petista afirma ainda que um dos motivos que gerou a divergência entre Jobim e Dilma foi a questão dos documentos sigilosos:

"Vinha nessa direção de descontentamento. Está colocado, ele divergiu do encaminhamento dos documentos sigilosos. Foi ali que se deu o contexto da divergência", disse Teixeira.

Para o líder do governo, a saída de Jobim não afeta a relação com o PMDB:

"Não. Isso não vai afetar o PMDB. A cota dele (Jobim) era mais pessoal da presidenta".

Teixeira nega que a presidente Dilma Rousseff tenha perdido o controle sobre aliados. E afirma que mudanças são naturais em qualquer governo.

Entrevista à 'Piaui'

Em entrevista veiculada nesta sexta pela Piauí, o então ministro Nelson Jobim classificou a ministra Ideli Salvatti como "bem fraquinha". As declarações de Jobim, que na última semana havia informado que votara no tucano José Serra nas eleições presidenciais de 2010, incluem ainda ataques à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann que, segundo ele, não conhece Brasília. Após a repercussão da entrevista, Jobim negou que tivesse dado as declarações: "Em momento algum fiz referência a ela (Ideli) dessa natureza", disse Jobim.

Fonte: JB