No dia 21 de dezembro de 2007, o cônsul-geral dos EUA em São Paulo, Thomas White, escreveu o relatório “Microsoft vê ataque do governo contra propriedade intelectual”. White narra o encontro do embaixador nos EUA no Brasil, Clifford Sobel, e do presidente da Microsoft no País, Michel Levy, que havia acontecido no dia anterior. O assunto: as preocupações da Microsoft sobre a adoção de padrões abertos e a ideologia antiamericana no Ministério das Relações Exteriores. O documento foi publicado pelo Wikileaks e está disponível online.

Michael Levy que solicitou a audiência com o embaixador. Segundo ele, o Itamaraty estava forçando a ABNT a adotar uma postura mais agressiva contra o formato XML. O governo também pressionava outros países a adotarem o formado ODF (Open Document Format) — usado em arquivos de edição de texto e planilhas — em detrimento ao XML durante um encontro da Organização Internacional de Padrões, em Genebra.

O presidente da Microsoft disse ter cartas do Ministério das Relações Exteriores para outros governos, pedindo a colaboração para a adoção do ODF, formato aberto, como padrão internacional. E ele tinha uma preocupação específica com a então ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. Ela era uma das líderes das estratégias do governo contra as leis de propriedade intelectual e royalities. Ela teria ajudado a convencer o presidente Lula que não haveria diferença entre o ODF e o XML.

A preocupação de Michael Levy, segundo o documento, é que a questão se tornasse uma “manifestação de antiamericanismo”.

No final do relatório, o cônsul-geral teceu seus próprios comentários a respeito do caso. Ele disse que a questão de padrões internacionais não é nova no Brasil, e as “preocupações sobre uma ideologia antiamericana no Ministério das Relações Exteriores não eram apenas preocupações da Microsoft”.

A assessoria da Microsoft não respondeu ao pedido de informação durante o feriado.

Fonte: Estadão