Dias depois, esse foguete, armado em um caminhão de lançamento e posicionado na direção da capital líbia, ainda está sob os eucaliptos onde foi deixado.
O grupo heterogêneo de forças rebeldes que derrubou Gaddafi duas semanas atrás não deixou nenhum guarda no local para impedir que alguém levasse o míssil ou saqueasse suas partes.
Potências ocidentais e países vizinhos da Líbia temem que o vazio de poder possa fazer com que enorme quantidade de armas arregimentadas durante a guerra civil vá parar nas mãos de militantes islâmicos, em especial o braço norte-africano da rede Al Qaeda.
Autoridades do governo interino da Líbia, o Conselho Nacional de Transição (CNT), dizem estar tentando recolher essas armas. Mas há poucos indícios disso no local onde foi deixado o Scud, em uma área rural situada cerca de 25 quilômetros a sudeste de Trípoli.
Abdelhamid Omar Derbek, um coronel no quartel-general militar local anti-Gaddafi, disse que ele e seus homens visitam o local várias vezes ao dia.
"Eu faço o patrulhamento aqui... e há ainda um outro turno que faz a mesma coisa", afirmou Derbek, que traz um fuzil Kalashnikov no ombro, mas cuja patente militar não é visível em suas vestes - camiseta amarela Lacoste, jeans e sandálias.
Para o exercício de todas as suas funções de supervisão, Derbek está baseado em uma instalação militar situada a 15 quilômetros do local. Ele foi neste domingo com uma equipe de jornalistas da Reuters de sua base até o campo onde está o Scud, mas não havia ninguém posicionado lá para fazer a proteção do míssil.
Um grupo de curiosos da comunidade local estava observando as peças.
Um complexo de lançamento de um Scud, que é integrado por um foguete de 11 metros com alcance de até 300 quilômetros, dependendo de suas condições, poderia ser um recurso valioso para qualquer insurgente.
E não é um risco apenas no caso de ser lançado. Somente a ogiva contém quase uma tonelada de potente explosivo, que poderia ser removido do foguete por guerrilheiros urbanos e usado para fabricação de bombas improvisadas.
"A possibilidade certamente existe", disse o perito militar Shashank Joshi, do Royal United Services Institute, da Grã-Bretanha. "A Argélia ficou apavorada durante este conflito com o risco de que estoques como esse, de artefatos explosivos, sejam retirados da Líbia e usados pelos militantes ligados à Al Qaeda.
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