"A decisão de Israel de abordar os barcos com força substancial a uma grande distância da zona bloqueada e com a advertência final feita imediatamente antes da abordagem foi excessiva e despropositada", diz o inquérito, presidido pelo ex-primeiro-ministro neozelandês Geoffrey Palmer.
O documento afirma, porém, que a flotilha de seis navios "agiu de forma imprudente ao tentar romper o bloqueio naval" estabelecido por Israel ao sitiado território palestino litorâneo governado pelo Hamas.
A investigação pede que Israel faça "um comunicado adequado de desculpas" pelo ataque e pague indenização às famílias dos mortos, bem como às vítimas feridas. Oito turcos e um americano de origem turca morreram no ataque ocorrido em 31 de maio de 2010.
Turquia e Israel devem retomar plenamente suas relações diplomáticas, "restaurando o relacionamento entre eles pelo bem da estabilidade no Oriente Médio", prossegue o relatório.
A publicação do relatório já foi adiada várias vezes por causa das tensões diplomáticas entre os dois lados. O documento ainda não foi entregue ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que vai decidir a data da publicação oficial. Um porta-voz da ONU disse nesta quinta-feira que o relatório deve ser entregue a Ban nos próximos dias.
Prazo para pedido de desculpas
Dois jornais turcos informaram nesta quinta-feira que o ministro de Relações Exteriores da Turquia estabeleceu esta semana como o prazo final para um pedido de desculpas de Israel pelo ataque à flotilha.
A data que a ONU deve divulgar seu relatório é o prazo final. Se não houver um pedido de desculpas até a publicação, colocaremos em ação nosso plano B", disse o chanceler Ahmet Davutoglu, segundo as edições impressas dos jornais Hurriyet e Zaman.
Davutoglu não especificou que medidas a Turquia tomaria contra Israel, mas o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan deu a entender no mês passado que a Turquia poderia apoiar possíveis ações judiciais de familiares das vítimas contra Israel.
Os jornais informaram que a Turquia também estuda reduzir suas relações diplomáticas, cortar ligações econômicas e a cooperação militar com Israel, além de dar amplo apoio ao pedido de reconhecimento do Estado palestino.
Além do pedido de desculpas, a Turquia também exige pagamento de indenização às famílias das vítimas e o fim do bloqueio total de Israel à Faixa de Gaza, estabelecido em 2007. Apesar de o Hamas governar Gaza internamente, Israel controla as fronteiras terrestres, o espaço aéreo e os limites marítimos do território.
Uma investigação israelense sobre o ataque inocentou o Exército e o governo de Israel de qualquer delito e considerou que a defesa armada ao bloqueio a Gaza é justificada pela lei internacional.
Fonte: Estadão
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