Depois de nove anos, retornará ao Porto de Santos a maior embarcação da armada brasileira. Na próxima sexta-feira, chegará ao cais santista o navio aeródromo (porta-aviões) São Paulo, o único do País. Ele atracará no Cais da Marinha, entre os armazéns 27 e 29 do complexo, onde poderá ser visitado pelo público.

Esta será a terceira escala do São Paulo em Santos. A primeira foi em 28 de abril de 2001, quando o navio passou da Diretoria Geral de Material da Marinha para o Comando de Operações Navais, iniciando efetivamente suas operações pela Marinha do Brasil. A cerimônia de incorporação à Armada teve, inclusive, a presença do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Na ocasião, o São Paulo tinha acabado de ser adquirido da França por US$ 12 milhões. O navio, que ganhou o prefixo A-12, foi comprado para substituir o Minas Gerais, o A-11. A letra refere-se à sua função (aeródromo ou porta-aviões).
Nessa cerimônia no Porto de Santos, o navio foi palco de um importante capítulo na história do complexo marítimo. Foi na visita à embarcação que Fernando Henrique anunciou o início do processo de regionalização do Porto(encerrado, sem sucesso, no final do ano seguinte, no fim de seu governo).

Na época, a grandiosidade e as peculiaridades do São Paulo chamaram a atenção do público,que formou filas quilométricas para conhecê-lo. Mais de 33,5 mil pessoas visitaram o porta-aviões em dois dias, um recorde nacional. Após 2001, ele ainda esteve mais uma vez na Cidade, em 16 de setembro de 2002.

A expectativa agora, após nove anos, é que os visitantes da Cidade e região lotem novamente o cais da Capitania dos Portos. O porta-aviões estará aberto à visitação nos próximos sábado e domingo, sempredas 13às 18horas.Segundo a Autoridade Marítima, serão formados diferentes grupos, que poderão passear pelo navio por uma hora, acompanhados por um guia. As áreas que poderão ser visitadas não foram informadas.

Sediado no Rio de Janeiro, o São Paulo virá a Santos depois de realizar exercícios de mano-brasmilitares.

Histórico

O porta-aviões São Paulo operou ininterruptamente de 2001 até 2005, quando houve o rompimento de uma rede de vapor a bordo, atingindo onze tripulantes. Um deles morreu na hora. O navio chegou até a cancelar sua terceira vinda ao Porto de Santos, que aconteceria em maio de 2005.

O acidente levou a embarcação a ficar parada por dois anos para reparos. A princípio, a expectativa era que o São Paulo voltasse a navegar em 2007. Mas nesse ano, quando eram feitasasprovasdemar,foiconstatada uma avaria no eixo propulsor de boreste (lado direito) da embarcação. Passando por uma nova reforma, ela só conseguiu retornar à operação no ano passado.

Segundo a Marinha, o porta-aviões poderácontinuar em serviço até 2020, já que suas máquinas e seus equipamentos foram modernizados. Foram feitas melhorias nas praças de Máquinas e de Caldeiras e nas quatro unidades de resfriamento. Além disso, foram substituídos três motores de combustão, responsáveis por parte da geração de energia, e instalados grupos de osmose reversa, responsáveis pela produção de água doce.

Grandiosidade

O São Paulo leva 1.920 militares, sendo 1.274 praças, 64 oficiais e 582 aviadores, e conta com 1.850 cômodos. Sua autonomia é de até 30 dias em alto mar. Abordo,os tripulantes contam com instalações como UTI, salas de cirurgia, academia, sala de jogos, quatro cozinhas, padaria, açougue e refeitórios.

A operação mais importante de um navio-aeródromo é a decolagem das aeronaves. No São Paulo, essa ação acontece através do lançamento por catapul- tas a vapor. Em seu melhor adestramento, o navio é capaz de lançar dois aviões ao ar em um intervalo de dois minutos e meio. Ele pode transportar até 30 caças, mais sete aeronaves de asa fixa (aviões) e dois helicópteros. A embarcação perde somente para os aeródromos norte-americanos.

As dimensões do São Paulo também surpreendem: são 267 metros de comprimento (o equivalente a quase dois estádios e meio de futebol), 51,2 metros de largura e 62 metros de altura, da linha d'água até o topo do mastro, o equivalente a um prédio de 20 andares. Em 2001, quando esteve em Santos pela primeira vez (e quando ainda não se previa o atual boom imobiliário da Cidade),o navio era um dos pontos mais altos de Santos.

Sua velocidade máxima é de 32 nós (54 Km/h), permitindo que funcione em qualquer região, sem depender do vento.

Fonte: A Tribuna