“O centro brasileiro irá coordenar as atividades de desenvolvimento de tecnologia das divisões e dos parceiros no Brasil (empresas e universidades), mas com foco no mercado mundial”, explica o diretor-geral da EADS no Brasil, Bruno Gallard. Até meados de 2012, segundo o executivo, a EADS pretende identificar as áreas de interesse da empresa no centro brasileiro, mas biocombustível já é um tema a ser considerado, tendo em vista a expertise do país no segmento.
“Não estamos buscando alternativas de produção de peças de baixo custo. Consideramos o Brasil um parceiro estratégico, onde encontramos mão de obra qualificada dentro da nossa área de trabalho e ótimas oportunidades de crescimento do grupo fora da Europa, especialmente nesse momento de crise”, disse Gallard.
Em 10 anos, segundo ele, a EADS pretende dobrar seu faturamento no país, que em 2010 foi de € 1 bilhão. A carteira de pedidos do grupo no mercado brasileiro, de acordo com Gallard, soma € 12 bilhões, sendo a maior parte encomendas da Airbus.
O novo centro de inovação da EADS também complementará as atividades do centro de engenharia de sistemas de defesa e segurança que a Cassidian do Brasil, divisão de defesa do grupo europeu, está instalando no país, com investimentos entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões.
Do mesmo modo, a fabricante de helicópteros Helibras, subsidiária da francesa Eurocopter, também integrante do grupo EADS, já deu início a operação do seu centro de engenharia que vai dar suporte ao desenvolvimento da integração de sistemas dos 50 helicópteros que serão produzidos no Brasil para as Forças Armadas. “Já temos 50 pessoas trabalhando nesse centro, outros 30 estão em treinamento na França, mas o objetivo é chegar a 100 engenheiros”, disse Gallard.
A localização do centro estratégico de São Paulo, segundo o executivo, levou em conta o fato de o Brasil ser uma potência regional e porta de acesso a outros mercados, não só na América Latina, mas em países considerados importantes para a EADS. A proximidade cultural com os países europeus e o respeito à propriedade intelectual, segundo o executivo, também posicionam o centro de inovação brasileiro como o mais competitivo e estratégico núcleo de desenvolvimento de tecnologias para a EADS fora da Europa.
O centro brasileiro estará ligado aos 16 núcleos de inovação e pesquisa da EADS, que abrigam mais de 700 engenheiros, em nove países. Os engenheiros brasileiros também atuarão em conjunto com áreas de produção e simulação da companhia. Fora da Europa, a EADS mantém centros de inovação na Rússia, Índia, EUA, Singapura e China.
Outra iniciativa do grupo europeu no Brasil em 2012 será a criação de centros de manutenção e reparo para as três divisões do grupo que mantém operações no país. A Helibras, por exemplo, possui 550 helicópteros em operação e está construindo uma fábrica em Itajubá (MG) para produzir o modelo EC 725, que está sendo fornecido para as Forças Armadas Brasileiras.
O contrato dos 50 helicópteros adquiridos pelas Forças Armadas está avaliado em € 1,8 bilhão. O projeto da fábrica de Itajubá prevê investimentos de R$ 420 milhões, o que permitirá a produção gradual dos helicópteros no Brasil até atingirem um índice de 50% de conteúdo nacional, em 2020.
A divisão militar da Airbus tem hoje 12 aviões de transporte em operação na Amazônia pela Força Aérea Brasileira (FAB), além dos aviões de Patrulha Marítima P-3, que começaram a ser entregues em julho, de um total de nove. Até o fim deste ano, segundo o diretor da EADS, está prevista a entrega de outras três aeronaves P-3 para a FAB.
A franco-italiana ATR, fabricante de aviões turboélice do grupo, também vê o Brasil como um dos seus principais mercados, onde já opera 50 aviões. A EADS é dona de 50% da ATR. A outra metade é controlada pela italiana Finnmecânica.
A Trip, segundo Gallard, já é hoje a maior operadora do modelo no mundo e a previsão é que o número de aeronaves ATR no Brasil dobre nos próximos anos, o que aumenta a necessidade de um centro de manutenção no país. Hoje, de acordo com o executivo, as manutenções são feitas na Europa.
“Nosso objetivo é estar cada vez mais próximo dos nossos clientes e a ideia é que esses centros sejam criados através de arranjos industriais com parceiros nacionais”. O projeto começará a ser colocado em prática no próximo ano.
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