A espanhola Navantia e a Lockheed Martin dos EUA, promoveram nesta terça (8) o “Industry Day” no Rio de Janeiro, evento onde foi apresentada sua proposta para Programa ProSuper da Marinha do Brasil.

O GeoPolítica Brasil marcou sua presença neste evento com seu editor, que recebeu o convite da Navantia e pode conferir esta interessante proposta à nossa Marinha do Brasil.

O Prosuper (Programa de Obtenção de Meios de Superfície) engloba os seguintes itens:

  • 5 Navios Escolta
  • 5 Navios de Patrulha Oceânica
  • 1 Navio de Apoio Logístico
  • Desenvolvimento pleno da capacidade industrial em tecnologia naval no Brasil

A Navantia oferece à Marinha do Brasil a fragata Aegis F-100, com base na classe de navios da Armada Espanhola que conta hoje com cinco destes navios, tendo também como operador desta fragata a Noruega, com cinco unidades, além do corrente desenvolvimento de três unidades para a marinha australiana. Se comprometendo em realizar as modificações que atendam às especificações brasileiras.


Estão sendo oferecidos também os navios-patrulha oceânicos com base na classe Avante 1400 – BVL, que possuem como cliente a Marinha da Venezuela (4 unidades).


Ainda no pacote ofertado pelos espanhóis consta o Navio de Apoio Logístico, baseado no BAC Cantabria, construído para a Marinha Espanhola.


Na proposta da Navantia, 10 navios serão construídos no Brasil, por estaleiros locais, ainda a serem definidos. A primeira fragata será construída na Espanha, para que seja realizada a transferência de tecnologia inicial, com a importante participação de estaleiros brasileiros (Grupo Residente) desde o início.

A transferência de tecnologia proposta consistirá no fornecimento de documentos pertinentes, know-how, suporte e assistência técnica aos estaleiros para realizar com sucesso a construção, testes e ensaios dos novos navios.

Segundo a Navantia, em poucos anos os Estaleiros brasileiros terão adquirido tecnologia de ponta na construção naval militar, proporcionando novas oportunidades de mercado doméstico e internacional.

Com a transferência de tecnologia, a Navantia diz que a Marinha do Brasil será capaz de manter os navios, fazer modificações e implementar upgrades, que exigirão a plena participação da indústria local. Tornando o Brasil capaz de manter sua esquadra de forma independente.

Na parte relativa aos sistemas dos navios, destacou sua experiência no desenvolvimento de “expertise in-house” com a parceria da Lockheed Martin americana. A Lockheed Martin em conjunto com a Navantia está conduzindo um processo para adequar e melhorar as capacidades existentes na indústria brasileira para o PROSUPER.

Um dos destaques da proposta é o fornecimento local, que visa a aquisição de materiais, equipamentos e serviços para o Programa no Brasil.

As tarefas, equipamentos e serviços a serem fornecidos pela indústria brasileira devem ser competitivos tanto em preço como pela qualidade, bem como deverão cumprir as especificações de projeto.

Dentro de cada área de compra, a Navantia está criando um banco de dados de empresas brasileiras para o Prosuper, realizando uma pesquisa para identificar quais empresas estão adequadas para participação no Programa.

A Navantia visa colocar a indústria local numa posição privilegiada frente aos concorrentes internacionais, promovendo uma relação de longo prazo, que irá além do Prosuper e abrirá uma ampla gama de oportunidades para fornecimento de equipamentos e materiais para os futuros negócios da Navantia junto à Armada Espanhola e outras Marinhas.

Uma das metas a serem alcançadas com a incorporação de equipamentos brasileiros é garantir o máximo apoio à manutenção dos navios durante seu ciclo de vida de 30 anos no Brasil.

A Navantia espera assim que o Brasil alcance a autosuficiência e capacidade de desenvolver seus próprios programas navais.

Uma gigantesca lista de itens que podem ser produzidos pela indústria nacional para as três classes de navios foi apresentada para o ProSuper

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A estimativa aproximada de materiais nacionais utilizadas no Programa ProSuper (11 navios) é :

  • Aço: 12.500 toneladas
  • Tubulação: 60.200 unidades
  • Isolamento: 56.000 m quadrados
  • Cabos elétricos: 1.238.000 m
  • Equipamentos: 1.850 unidades

A Lockheed Martin, por sua vez, destacou o gigantismo da companhia e o seu sistema Aegis, empregado por mais de 100 navios em 6 países. Tendo sido destacado a capacidade de detecção e engajamento do Aegis, que oferece cobertura desde a defesa contra mísseis balísticos e defesa de área até a defesa de ponto, salientando a maturidade do sistema, que vem sendo aperfeiçoado constantemente há 40 anos e que pode empregar mísseis Standard SM-2, SM-3, SM-6, ESSM, TLAM e VLA.

A Lockheed Martin apresentou oportunidades para a produção no Brasil de componentes do sistema Aegis, que poderão incluir os consoles, componentes das antenas e o sistema VLS Mk41. Também apresentaram a possibilidade de licenciar o projeto do console Next Generation Workstation para o Brasil.

A empresa americana deu destaque ao sucesso do trabalho efetuado na modernização dos submarinos da classe “Tupi”, que estão recebendo um novo sistema de combate produzido pela companhia, citando o lançamento bem sucedido de torpedos Mk48 empregando o seu sistema de combate AN/BYG 501 MOD 1D.

A proposta se mostrou atraente, e promete aquecer a disputa internacional pelo contrato do ProSuper, onde aguardamos os próximos capítulos deste importante programa que visa dar uma real capacidade de atuação de nossa Marinha Brasileira no moderno campo de batalha naval.

Por: Angelo D. Nicolaci -Editor GeoPolítica Brasil - Via Plano Brasil