Em 13 de Junho de 1966, o comando da 1ª Divisão de Fuzileiros dos Estados Unidos havia disposto oito pelotões de reconhecimento nas posições elevadas situadas ao longo do vale de Hiêp Dúc (acima). A sua missão era controlar o tráfego das unidades norte-vietnamitas que utilizavam esse vale para se infiltrar no Vietname do Sul (veja-se o mapa abaixo). Durante alguns dias, aqueles pelotões haviam orientado o fogo da artilharia e os ataques aéreos norte-americanos, interditando aquilo que há muito se tornara num corredor de infiltração tradicional dos norte-vietnamitas. Presentes em força, estes últimos decidiram desalojar as pequenas unidades norte-americanas das posições que ocupavam.
Um desses pelotões, composto com 18 homens e ocupando a posição da Colina 488, atrasou-se a retirar e viu-se cercado por um batalhão norte-vietnamita ao cair da noite de 15 de Junho. A Batalha da Colina 488, uma batalha clássica de infantaria veio a travar-se durante toda essa noite, opondo a dúzia e meia de fuzileiros que se reagruparam no cimo da colina contra as centenas de norte-vietnamitas que a tentaram conquistar. Na manhã seguinte o pelotão continuava ainda a resistir no cimo da colina, apesar de todos os seus membros estarem ou feridos (12) ou mortos (6). Crucial para o desfecho, apesar da chegada da noite, o apoio de fogo que a Força Aérea continuara a prestar aos sitiados.
Ao retirarem, os atacantes haviam deixado 42 mortos no terreno. Promovida exageradamente a batalha, tornou-se oportuna como propaganda interna, nomeadamente pela analogia com a Batalha do Álamo durante a conquista do Texas (1836). Todos os 18 intervenientes foram condecorados: um com a Medalha de Honra (a mais elevada condecoração dos Estados Unidos), quatro com a Cruz Naval e treze com a Estrela de Prata. O episódio representava também um bom exemplo da situação táctica mais desejada pelos militares norte-americanos: começar por incomodar as rotinas das forças norte-vietnamitas para as forçar ao confronto e finalmente aniquilá-las com a sua superioridade de poder de fogo.
As Selecções do Reader’s Digest de Agosto de 1968 (acima) ainda dedicavam uma rubrica à narrativa dessa batalha, qualificando-a mesmo de inesquecível(...), mas por essa altura, depois das imagens da Ofensiva do Tet (Fevereiro de 1968) que haviam invadido, via televisão (abaixo), os lares americanos, já muitas dúvidas se haviam levantado sobre a pertinência da intervenção dos Estados Unidos no Vietname. O filme Platoon (realizado vinte anos depois) termina com uma batalha que é tacticamente muito semelhante àquela que se verificou ao redor da Colina 488; porém, num contraste com muito significado, no filme os soldados norte-vietnamitas vencem e rompem o perímetro de segurança…

Fonte: O Herdeiro de Aecio