A França poderá selar um acordo há muito esperado com a Dassault para vender pelo menos 60 caças Rafale para os Emirados Árabes Unidos em abril, virando o que parecia ser uma causa perdida, disse o jornal francês La Tribune nesta quinta-feira.
O jato fabricado na França surgiu nessa terça-feira como licitante preferencial numa competição de US$ 15 bilhões para fornecer 126 aviões de combate a Índia, levantando esperanças de uma venda que iria aumentar o orgulho nacional francês e restaurar o brilho do seu setor de aviação.
Citando fontes não identificadas, o jornal disse em seu site que o presidente Nicolas Sarkozy irá para os Emirados Árabes Unidos em março ou início de abril, quando o contrato estiver suscetível de ser finalizado.
O acordo, potencialmente avaliado em US$ 10 bilhões está sendo trabalhado desde 2008, mas foi posto em dúvida em novembro, quando o quarto maior exportador de petróleo do mundo disse que os termos propostos eram “não competitivos e impraticáveis.” Ele pediu detalhes de uma aeronave rival, o Typhoon, fabricado pelo consórcio Eurofighter.
“Tudo foi desbloqueado (entre os Emirados Árabes Unidos e a Dassault),” disse uma fonte não identificada ao jornal La Tribune.
Uma fonte do governo francês disse à Reuters que Paris estava à espera de ouvir os Emirados este mês. A Dassault e o Ministério da Defesa da França não quiseram comentar.
Sarkozy marcou um ponto comercial com o anúncio desta semana em que os anos de lobbying haviam empurrado a Índia mais perto de comprar o Rafale e vai tentar obter ganhos políticos antes da eleição presidencial de abril, em que ele está ficando para trás nas pesquisas com o candidato rival socialista, François Hollande.
Os Emirados Árabes Unidos tem pressionado para os motores da aeronave serem atualizados com empuxo extra e para um melhor radar, disseram fontes da indústria.
O La Tribune disse que havia alguns detalhes técnicos ainda a serem resolvidos, mas que eles eram fáceis de resolver. Ele acrescentou que, como parte do acordo, Paris levaria de volta os existentes caças Mirage 2000 dos Emirados, também fabricados pela Dassault.
Falando após o anúncio da Índia, o Ministro da Defesa francês Gerard Longuet insinuou que poderia haver mais acordos futuros.
“Boas notícias são como preocupações, elas voam em esquadrões”, disse ele. “Esse (acordo) é o início de um esquadrão de boas notícias.”
Uma vitória francesa nos Emirados Árabes Unidos também poderia levar a novos contratos na região árabe do Golfo, que compartilha a preocupação do Ocidente de que o Irã esteja usando seu programa de energia nuclear para desenvolver armas, uma acusação que Teerã nega. A Arábia Saudita assinou um contrato de armas com os EUA no valor de quase US$ 60 bilhões no ano passado.
O Catar, um aliado próximo da França, disse no ano passado que queria substituir sua frota de caças Mirage em 2012, e possivelmente compraria entre 24 a 36 unidades do Rafale. O Kuwait, em 2010, disse que também está considerando a compra de caças Rafale para substituir sua frota de antigos caças Mirage.
De acordo com analistas, os países do Golfo estão olhando para ter o mesmo avião por razões de interoperabilidade, bem como diferenciando-se do maior poder militar do Golfo, a Arábia Saudita, que usa caças norte amricanos F-15 fabricados pela Boeing.
“Meu desejo é que os Emirados Árabes Unidos tomem uma decisão que permita que os dois vizinhos que desejam interoperabilidade com ele possam tomar as suas decisões”, disse Longuet em janeiro, quando perguntado sobre potenciais contratos no Catar e no Kuwait.
“Se eles tem a sensação de ausência de uma decisão, eles vão procurar noutro lado. Por enquanto eles estão interessados, mas eles só vão decidir realmente se o primeiro fizer o pedido.”
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