Nasceu em Fortaleza, capital da então província do Ceará, no dia 22 de janeiro de 1841, na atual rua Sena Madureira, nº 41, filho de Inácio Lopes de Queiroz e Ana Lopes de Queiroz. Inclinado para a vida militar, assentou praça aos quinze anos de idade, em 1856. Em 1865, tomou parte na Guerra da Tríplice Aliança e de lá voltou para o Rio de Janeiro no posto de tenente-coronel.

Clarindo de Queiroz foi herói da Guerra do Paraguai, onde se notabilizou por sua bravura.

Foi Presidente dos Estados do Amazonas e Ceará. Promulgou a primeira constituição do Estado (16 de julho de 1891), mas teve de enfrentar ferrenha oposição dos seus adversários.
Rua Sena Madureira onde nasceu Clarindo de Queiroz com destaque para o Palácio do Governo

Quando encarregado de fortificar as fronteiras da provinda do Amazonas, os cearenses ali residentes ofertaram-lhe uma espada de honra, em setembro de 1874. Em 1880, foi promovido a coronel, em 1883, a brigadeiro e, em 1890, já era General de Divisão.

Em 1891, Clarindo de Queiroz, Governava o Ceará apoiando o Presidente da República Marechal Deodoro da Fonseca, quando este dissolveu o Congresso Nacional em 3 de novembro.

O Marechal Floriano Peixoto, então Vice-Presidente, reagiu ao ato e, diante dos fatos, Deodoro da Fonseca renunciou ao mandato no dia 23 de novembro, assumindo Floriano, a Presidência da República.

A 1ª medida do novo Governo foi destituir os partidários de Deodoro.

Dia da deposição de Clarindo de Queiroz pelos alunos da Escola Militar - Arquivo Nirez

Em 16 de Fevereiro de 1892 houve uma revolta dos alunos da Escola Militar instalada no Quartel da Fortaleza bombardeando o Palácio do Governo e depondo o Governador.
Participaram do combate os alunos da Escola Militar contra o contigente policial formado pelo Corpo de Segurança Pública e pela Guarda Cívica.

Os cadetes da Escola Militar

No dia seguinte, 17, pela manhã, mediante cerco militar ao Palácio, o então General Clarindo de Queiroz é deposto¹, assumindo o Governo o Tenente Coronel Bezerril Fontinele, comandante da Escola Militar e principal responsável pela rebelião.

No mesmo dia Clarindo de Queiroz seguiu para o Rio de Janeiro. Ele foi um dos treze generais a quem o vice-presidente Floriano Peixoto, por decreto de 12 de abril de 1893, desterrou para Cucuí². Alí se agravaram os padecimentos de que veio a falecer, no Rio de Janeiro em 28 de dezembro de 1893.

Clarindo foi comandante do Batalhão de Engenheiros, da Escola Militar, e comandante geral da artilharia e mereceu o Hábito de Cristo e as Grã-Cruzes de Avis e Cruzeiro.


  • ¹Clarindo de Queiroz governou o nosso Estado no período republicano de 28 de abril de 1891 a 16 de fevereiro de 1892, consequência direta do apoio que prestou ao Marechal Deodoro da Fonseca, que era o seu amigo pessoal. Muitas pressões foram impostas ao governador cearense para que abandonasse o cargo. O General então permaneceu no cargo, pelo menos até 16 de fevereiro de 1892, quando alunos da escola militar e da marinha, usando canhões e metralhadoras, cercaram o palácio do governo e exigiram a renúncia. Clarindo de Queiroz dispôs- se a resistir.

Situação que ficou o Palácio do governo em decorrência do bombardeio feito pelas tropas federais - Museu histórico do Ceará

Na manhã de 17 de fevereiro, com o palácio crivado de balas, Clarindo de Queiroz, sem munição, rendeu- se e entregou o cargo ao Coronel Bezerril, então comandante do Colégio Militar de Fortaleza.

Ocasião da deposição - Museu histórico do Ceará

Saiba Mais

No dia da deposição aconteceram vários choques entre grupos contrários ao governador e tropas do então Corpo de Segurança Pública cujo comandante era o Ten-Cel EB Bonifácio Antônio Borba. Durante toda a noite, do dia da deposição, as tropas federais bombardearam o palácio do governo, registrando-se muitos mortos e feridos. O acontecimento, em suas linhas gerais, pode ser assim resumido:
" Questões políticas tinham exaltado muito os ânimos dos respectivos partidos daqueles dias. O esbofeteamento de um aluno defronte à Chefatura de Polícia, o espancamento bárbaro de outros na Guarda Civil onde foram em defesa de um companheiro, exaltara, igualmente, o espírito dos chefes armados. O governador prometeu providências, mas como fizeram demorar tais medidas, a luta era esperada a todo momento. (...) O General Clarindo, pelo telefone, pediu então a suspensão das hostilidades, com a afirmativa de que ia mandar as condições de sua rendição e terminação da luta. Meia hora depois, em ofício a administração ao comandante da guarnição federal, dizendo ser o único capaz de manter a ordem ". Publicado no livro de Eusébio de Souza, "História Militar do Ceará", volume II.

  • ² Cucuí é um distrito do município brasileiro de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas
Hoje Clarindo de Queiroz é nome de uma rua no centro de Fortaleza.