O subsecretário de Estado americano, William Burns, fez uma romaria em Brasília nesta sexta-feira para tranquilizar autoridades brasileiras sobre o cancelamento da compra de 20 aviões militares produzidos pela Embraer, o Super Tucano. Em visita ao Palácio do Planalto, onde foi recebido pelo assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, Burns explicou que houve um problema interno e administrativo no processo de compra. O negócio é de US$ 355 milhões.

"Ele insistiu que foi um problema interno, administrativo, que ele acredita que será resolvido", disse Marco Aurélio. "A disposição do seu governo é a disposição que inicialmente justificou a compra dos super tucanos e que houve esse embaraço de ordem jurídica e espera que seja revolvido, para que nós possamos vender os aviões lá", acrescentou. Mais cedo, em conversa com o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, Burns disse que "as portas (para a negociação) não estão fechadas".

Segundo Marco Aurélio, o negócio da Embraer com os EUA não tem relação com o projeto FX-2, do governo brasileiro, para a compra de 36 caças. Nessa disputa, a americana Boeing é finalista. "Não há nenhuma veiculação entre um assunto e outro", garantiu.

O Brasil também está com um processo de compra de aviões militares suspenso por causa do corte orçamentário. O projeto prevê a compra inicial de 36 caças e exige transferência de tecnologia. A americana Boeing é uma das concorrentes e oferece o modelo F-18 Super Hornet. Ele é finalista e concorre com o Rafale, da francesa Dassault, e com o Gripen NG, da sueca Saab. O negócio é estimado em R$ 10 bilhões.


Tsunami monetário
Marco Aurélio Garcia disse ainda no final da tarde desta sexta-feira que economia e crise internacional devem pautar as conversas com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente americano, Barack Obama. Dilma visitará Hannover e Washington em março e abril, respectivamente.

"As observações que a presidenta fez ontem sobre o tsunami monetário, ela vem fazendo há algum tempo", disse, explicando que a crítica ao excesso de capital lançado no mercado não é uma novidade. "Qual o destino desse capital?", indagou, destacando que muitos desses recursos tornam-se capital especulativo nos países emergentes, afetando a competitividade desses países. O assunto deverá ser pauta na próxima reunião do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que acontecerá no fim do mês em Nova Délhi, Índia.

Fonte: Terra