Na esperança de encerrar um conflito comercial de quase uma década, o
governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (24) em Genebra
que irá devolver o dinheiro pago por exportadores de suco de laranja do
Brasil para arcar com as barreiras comerciais estabelecidas por
Washington. Mas a devolução das tarifas será realizada apenas para
vendas que ocorreram a partir de março de 2011.
O Brasil insiste que a medida não é suficiente para que a
administração de Barack Obama cumpra a condenação da Organização Mundial
do Comércio (OMC). A entidade determinava que Washington violou as
regras internacionais ao impor barreiras contra o suco de laranja
brasileiro.
Em 2011, a OMC condenou uma barreira contra o suco de laranja
brasileiro e ordenou que a Casa Branca retirasse a medida ilegal até o
dia 17 de março deste ano. O Brasil havia se queixado de que Washington,
ao calcular medidas anti-dumping, usava uma metodologia que permitia
que a sobretaxa imposta acabasse sendo bem mais elevada, fechando na
prática o mercado local para os produtos estrangeiros.
O governo americano indicou que, como resultado da derrota, fez uma
reforma em suas leis e que, a partir de 16 de abril de 2013, processos
anti-dumping seriam modificados para que estejam dentro das regras
internacionais e cumprindo a condenação da OMC. Nesta terça-feira ainda
anunciou que todo o dinheiro extra pago por exportadores brasileiros
para atender ao antidumping serão devolvidos.
Mas a diplomacia brasileiro alertou que o problema é que casos
anteriores a essa data, como o do suco de laranja, não serão
beneficiados da mudança de postura dos americanos.
O governo brasileiro agora aguarda uma decisão do setor privado
nacional para encerrar o caso ou seguir o contencioso, pedindo o direito
de retaliar o governo americano. Por enquanto, não há uma definição da
parte de Brasília se esse caminho seria o mais útil, já que a retaliação
poderia custar caro aos próprios interesses nacionais.
Hoje, o Brasil ainda anunciou que fechou um acordo com os americanos,
pelo qual mantém seus direitos de continuar com o caso, mesmo depois
que os prazos da OMC já tenham acabado. No final do ano, uma reavaliação
do contencioso seria então realizado pelo Itamaraty.
Fonte: Estadão
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